Nova Iorque vai passar a restringir o “viciante” algoritmo das redes sociais para os menores, tornando-se, assim, o primeiro Estado norte-americano a desafiar as plataformas dos gigantes tecnológicos com este tipo de medidas.
Nova Iorque torna-se o primeiro estado norte-americano a proibir a “droga” que agarra os mais novos às redes sociais.
A governadora do Estado de Nova Iorque, Kathy Hochul, assinou, esta quinta-feira, um projeto de lei para restringir o algoritmo viciante, tendo comparado o vício das redes sociais ao tabaco e ao álcool.
Neste caso, os prejuízos para os utilizadores são “depressão, ansiedade e até suicídio”, frisou Hochul, em conferência de imprensa realizada antes da assinatura do documento.
Kathy Hochul destacou que os menores não são os culpados por “ficarem viciados” nas redes sociais, mas sim os gigantes tecnológicos e os seus algoritmos, desenhados para que os utilizadores não tirem os olhos do ecrã.
Nova Iorque quer ser exemplo nacional
“O Congresso (dos Estados Unidos) pode e deve agir. Poderíamos ter um critério nacional. Mas até que isso aconteça, guiaremos a nação”, sublinhou a democrata, citada pela agência EFE.
O projeto de lei, denominado “Stop Child Aggregation Exploitation” (SAFE), exige:
- que as redes restrinjam “conteúdo viciante” para menores de 18 anos;
- proíbam notificações das plataformas entre as 00h00 e as 06h00 sem consentimento dos pais;
- e que a justiça estabeleça nova ferramentas de verificação de idade e consentimento dos pais.
Andrew Gounardes, senador estadual democrata que promoveu este projeto, sublinhou esta semana à EFE que a medida não visa erradicar o uso das redes sociais, mas modificar o seu sistema de algoritmo de recomendação, que mostra incansavelmente ao utilizador o conteúdo com base nas suas informações e histórico.
Para evitar isso, os congressistas estaduais propuseram que fosse substituído por um sistema de publicações em ordem cronológica, como o que existia quando as redes sociais foram lançadas.
Em janeiro, Nova Iorque já se tinha tornado na primeira grande cidade dos EUA a classificar as redes sociais como um perigo para a saúde pública pelos seus efeitos na saúde mental dos jovens.
Empresas com um ano para cumprir a lei
A procuradora-geral do Estado, Letitia James, que também participou no evento, terá que redigir regulamentos sobre o projeto de lei e Nova Iorque dará às empresas uma janela de um ano para cumprir a lei.
James fez eco a uma investigação do Wall Street Journal (WSJ) publicada na quinta-feira, que indica que a rede social Instagram recomenda vídeos sexuais a contas de crianças de 13 anos.
A procuradora alertou que por vezes aparecem “em questão de minutos após a abertura da aplicação”.
Também aplaudida no evento de quinta-feira foi a ideia da principal autoridade em saúde pública dos Estados Unidos, Vivek Murthy, de introduzir avisos sobre saúde mental nas redes sociais, semelhantes aos dos pacotes de tabaco ou garrafas de álcool.
Hochul também promulgou na quinta-feira um projeto que limita a recolha de dados de menores sem consentimento e restringe a venda desse tipo de informação, uma medida que não exige verificação de idade e que entrará em vigor dentro de um ano.
ZAP // Lusa