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Dormir menos na meia idade pode aumentar o risco de demência na velhice

Um novo estudo relaciona as curtas durações do período de sono na meia-idade a um maior risco de demência na velhice. No entanto, os cientistas frisam que a ligação deve ser estudada melhor.

O novo estudo, publicado na Nature Communications a 20 de abril, não é conclusivo, mas oferece novos detalhes sobre a potencial relação entre os padrões de sono mais curtos durante a meia-idade e a demência na velhice.

Os investigadores analisaram os dados de um projeto de longo prazo denominado estudo de coorte Whitehall II.

A pesquisa teve início em meados da década de 1980. Para o estudo foram recrutados cerca de 10.000 indivíduos com idades entre os 35 e os 55 anos. Com um período médio de acompanhamento bastante extenso, os especialistas foram capazes de correlacionar incidências de demência na velhice com as durações do sono por volta dos 50 anos.

O estudo descobriu que o risco de demência aumentou 30% em pessoas cuja duração do sono era de menos de seis horas, entre os 50 e 60 anos. De acordo com o New Atlas, é importante ressaltar que essa associação foi independente de quaisquer outros fatores demográficos ou sociais, incluindo questões de saúde mental.

A grande questão que esta pesquisa não consegue responder é se esses distúrbios de sono na meia-idade contribuem diretamente para o desenvolvimento da demência, ou se o sono de má qualidade é um sintoma precoce da neurodegeneração que leva à demência.

“Este estudo adiciona novas informações ao quadro emergente, uma vez que o sono é relatado numa fase da meia-idade que é seguida por vários anos, diz Elizabeth Coulthard, da Universidade de Bristol, que não participou neste novo estudo.

“Isso significa que pelo menos algumas das pessoas que desenvolveram demência provavelmente ainda não a tinham no início do estudo, quando o seu sono foi avaliado pela primeira vez. Portanto, reforça a evidência de que o sono de má qualidade na meia-idade pode causar ou piorar a demência mais tarde”.

No entanto, descobriu-se que o sono desempenha um papel vital na eliminação de proteínas tóxicas do cérebro, como tal, o sono de curta duração persistente pode desempenhar um papel causal no início do declínio cognitivo.

Robert Howard, da University College London, observa que é possível que a falta de sono seja um sintoma muito precoce da doença.

“Sabemos que os primeiros sinais da doença de Alzheimer aparecem no cérebro 20 anos antes do comprometimento cognitivo detetável, então é sempre possível que o sono seja um sintoma muito precoce da doença, em vez de um fator de risco tratável”, observa Howard.

No novo estudo, os cientistas deixam claro que a direção causal dessa relação ainda deverá ser objeto de debate.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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