Este sábado, os doentes urgentes estão a esperar uma média de nove horas e 29 minutos para serem atendidos no Hospital Amadora-Sintra e oito horas e 19 minutos no Beatriz Ângelo, em Loures. Ontem, a espera chegou às 14 horas e meia, em Almada.
Dados disponibilizados no Portal do SNS indicam que, pouco depois das 12h30 deste sábado aguardavam pelo atendimento na urgência central do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) 41 doentes urgentes, com um tempo médio de espera de nove horas e 29 minutos.
Nesta unidade de saúde, os doentes muito urgentes (pulseira vermelha) esperavam uma média de 51 minutos, enquanto os menos urgentes (pulseira verde) aguardavam 15 horas e 52 minutos pelo atendimento.
Estes dados referem-se ao tempo médio de espera para atendimento nas últimas duas horas e o número de doentes apresentado inclui os que aguardam primeiro atendimento, após triagem, e resultados de exames.
No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, 25 doentes com pulseira amarela (urgentes) esperavam um tempo médio de oito horas e 19 minutos na urgência central, enquanto a espera para os doentes muito urgentes (pulseira vermelha) era de cinco minutos.
Os 17 doentes menos urgentes (pulseira verde) tinham de esperar, em média, 11 horas e dez minutos.
No Hospital Santa Maria (Centro Hospitalar Lisboa Norte), oito doentes urgentes esperavam uma média de quatro horas e um minuto, os muito urgentes 32 minutos e os menos urgentes cerca de uma hora e 19 minutos.
Esta sexta-feira, a espera de doentes urgente (pulseira amarela) na urgência geral do Hospital Garcia de Orta, em Almada, era de 14 horas e 30 minutos.
SNS deve explicações
A Direção Executiva do SNS apela à população para ligar sempre para a Linha SNS 24 [808 24 24 24] antes de se deslocar a um serviço de urgência. No entanto, os últimos dias têm sido críticos nas urgências, em Portugal, tendo inclusivamente havido casos de utentes encaminhados pelo SNS24 para urgências fechadas.
O Partido Socialista quer ouvir com urgência o diretor executivo do SNS sobre a situação nas urgências, considerando que o Governo se tem mostrado incapaz de resolver uma “crise que se instalou no verão”.
“O PS vai chamar o diretor executivo do SNS e a administração dos Serviços Partilhados [do Ministério da Saúde] ao Parlamento. Consideramos que o acesso às urgências hospitalares em determinadas regiões do país continua em crise, um pesadelo de Verão que tomou conta também do Inverno”, afirmou o deputado do PS João Paulo Correia, em declarações à agência Lusa.
João Paulo Correia considerou que os problemas nos acessos às urgências que se verificaram nos últimos dias – como o encaminhamento de doentes para urgências encerradas – mostram que “o Governo e o ministério têm sido manifestamente incapazes de desenvolver medidas para responder” à situação no SNS.
Entre as críticas feitas ao Governo, o deputado do PS afirmou que a obrigatoriedade de se ligar ao SNS24 antes de aceder às urgências foi “uma medida errada” e que “não foi bem preparada pelo Governo”.
O deputado do PS manifestou também preocupação com “as demissões em catadupa que o Governo está a fazer pelo país fora em conselhos de administração de muitos hospitais”, entre as quais o da Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria, demitido esta sexta-feira.
“Estar a provocar demissões de administrações que se encontram em funções em pleno Inverno, em plena crise de acesso às urgências, é repetir um erro que custou muito ao SNS e a muitos cidadãos e que foi cometido pelo Governo quando forçou a queda do anterior director executivo do SNS às portas do Verão”, advertiu.
Questionado se, dadas estas críticas ao Governo, o PS não pretende também chamar a ministra da Saúde ao Parlamento, João Paulo Correia afirmou que o diretor executivo do SNS, António Gandra d’Almeida, “tem pautado a sua postura pelo silêncio ou por palavras muito vagas ou até alarmistas“.
“Julgo que é, neste momento, em primeiro lugar, altura de pedir responsabilidades ao diretor executivo do SNS, que tem aqui um papel fundamental na coordenação do acesso às urgências hospitalares, e à própria organização das urgências hospitalares”, disse, acrescentando que, em função da audição de António Gandra d’Almeida, o PS ponderará se também vai pedir para ouvir Ana Paula Martins.
Seis urgências fechadas
Cinco serviços de urgência estão encerrados este fim-de-semana, nas valências de pediatria, ginecologia e obstetrícia.
A informação disponível no portal do SNS indica que estarão encerradas as seguintes urgências: Obstetrícia do Hospital de Portimão, Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Vila Franca de Xira, Pediatria do Hospital Beatriz Ângelo (Loures), Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Caldas da Rainha e Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santo André (Leiria).
De acordo com a RTP, apesar do Portal do SNS dar como aberta a unidade de Chaves, a urgência pediátrica desta unidade também estará fechada.
Haverá ainda serviços a funcionar com restrições.
Reservado para as urgências internas e casos referenciados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e pela linha SNS24 (808242424) estará o Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, entre as 00h e as 24h, nas valências de Ginecologia e Obstetrícia, bem como o Amadora/Sintra, em Pediatria (00h – 08h e 20h – 24h) e em Ginecologia e Obstetrícia(00h-24h).
Na mesma situação vai estar a urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier (00h – 24h), do Beatriz Ângelo, do Hospital de Abrantes, do Hospital de Santa Maria e do Centro Materno Infantil do Norte, no mesmo horário.
A urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Garcia de Orta (Almada) vai receber apenas casos referenciados pelo CODU/INEM, entre as 00h e as 24h, assim como o Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
No total, estarão abertas cerca de 190 urgências.
Soube-se este sábado queo Serviço de Urgência Pediátrica e Bloco de Partos do hospital de Beja vão estar encerrados entre as 08h de terça-feira e as 08h de quarta-feira (31 de dezembro e 1 de janeiro).
ZAP // Lusa