Alimentos presos nas gargantas das crianças. Já sabemos como tratar a doença

Aumento das alergias alimentares tem provocado mais aparecimentos desta doença, que faz com que os alimentos fiquem presos na garganta. Um novo tratamento promete prevenir o desenvolvimento da condição.

Uma doença crónica e inflamatória do sistema imunitário que pode dificultar a alimentação — especialmente em crianças —pode estar perto de ser travada por um novo tratamento desvendado por investigadores da Universidade Tulane em Nova Orleães, EUA.

A esofagite eosinofílica (EoE), também conhecida como esofagite alérgica, é provocada por uma reação excessiva do sistema imunitário a alergénios alimentares ou inalados e leva a uma acumulação, no esófago, de glóbulos brancos chamados eosinófilos, envolvidos nas respostas do sistema imunitário.

Encurtado e com as suas paredes espessas, o esófago passa a não permitir a deglutição, fazendo com que os alimentos fiquem presos na garganta.

O aumento crescente de alergias alimentares parecem mesmo ser a principal causa do aumento de casos da condição que afeta aproximadamente um em cada dois mil adultos e ainda mais crianças — cerca de 1 em cada 1500.

“A esofagite eosinofílica é uma doença proeminente e grave na população pediátrica, cuja prevalência está a aumentar devido ao aumento dos alergénios alimentares. Demonstrámos que o tratamento da doença em modelos animais resulta numa remissão completa”, confirma, segundo a EurekAlert, o autor principal e diretor do Centro de Distúrbios Eosinofílicos na Escola de Medicina da Universidade Tulane, Anil Mishra.

Uma proteína é a resposta que faltava

Agora, os investigadores descobriram que a EoE é causada pela Interleucina-18 (IL-18), uma proteína fundamental na resposta imunitária inata do corpo que pode causar inflamação quando produzida em excesso.

Quando um alergénio entra no corpo, estimula uma via que controla o sistema imunitário, resultando na libertação de proteínas pró-inflamatórias como a IL-18, que posteriormente produzem os eosinófilos prejudiciais. Ao inibir com sucesso esta via — conhecida como NLRP3 — e a produção de IL-18, os investigadores foram capazes de prevenir o desenvolvimento da doença.

A equipa identificou o VX-765, medicamento já existente no mercado, como um potencial inibidor para o tratamento em humanos. Este inibidor limitar-se-ia a esgotar os eosinófilos formados e transformados pela IL-18, poupando os glóbulos brancos produzidos pela IL-5, proteína vital para a manutenção da imunidade.

Para além de desafiarem a crença de que são as as células Th2 os principais desencadeadores da EoE, os recentes resultados inovadores, publicados na Communications Biology, permitem um diagnóstico muito mais preciso da doença, muitas vezes confundida com a doença de refluxo gastroesofágico (GERD).

O próximo passo constitui um ensaio clínico para determinar a eficácia do potencial tratamento.

Tomás Guimarães, ZAP //

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