Dirigentes do CDS afastam eventual saída do Largo do Caldas – mas nova direção poderá ter que trabalhar pro bono

Hugo Delgado / Lusa

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos

Atuais e antigos membros do partido têm versões contraditórias sobre alegadas propostas do Patriarcado de Lisboa para reassumir o controlo do edifício onde os centristas estão instalados. 

Apesar da derrota eleitoral histórica registada no domingo, que deixou o CDS pela primeira vez na história de democracia portuguesa sem qualquer representação na Assembleia da República, os seus dirigentes recusam que a situação económica do partido obrigue a uma saída do edifício das Condessas do Calda, propriedade do Patriarcado de Lisboa, a quem os centristas pagam uma renda que não chegará aos 1000 euros mensais.

Ao jornal Público, Francisco Tavares, secretário-geral do CDS, garantiu que a saída não está a ser equacionada, uma vez que, primeiro, não foi apresentada nenhuma proposta concreta por parte do Patriarcado de Lisboa nesse sentido, e, segundo, o valor da renda é considerado suportável. O dirigente detalha ainda que não foi feita qualquer proposta ao longo dos últimos dos anos.

“O que o Patriarcado manifestou foi a vontade de reaver o edifício, mas não fez nenhuma proposta. Esta direção em algum momento discutiu a possibilidade de saída da sede nacional do Caldas”, assegurou. A proposta – alguns falam em 1 milhão de euros -, a existir, aponta o secretário-geral, terá acontecido “antes desta direção“, precisou Francisco Tavares.

Esta versão é confirmada por Pedro Melo, vice-presidente do CDS, que ao jornal Público também afirmou que o “assunto nunca foi debatido em reunião da comissão executiva”.

O resultado das eleições de domingo terá um impacto natural nas finanças de um partido que há pouco mais de dois anos tinha uma dívida de um milhão e 200 mil euros. Como forma de a abater, teve de fazer despedimentos, uma via que muito provavelmente será seguida pela nova direção – Francisco Rodrigues dos Santos já anunciou que não se irá recandidatar e Nuno Melo é, até agora, o único candidato confirmado à liderança dos centristas.

Como consequência dos cerca de 87 mil votos recebidos no domingo, o CDS verá a sua subvenção diminuir de 70 mil euros mensais para 20 mil, um valor que será insuficiente para assegurar todas as despesas do partido, nomeadamente os gastos com os salários do líder, secretário-geral, chefe de gabinete e funcionários. O Público cita ainda uma fonte do partido que considera que, à luz desta situação, a nova direção do CDS terá que trabalhar “pro bono, assegurando apenas vencimentos a dois funcionários do partido“.

Por estes dias, a atual direção de Francisco Rodrigues dos Santos encontra-se a elaborar um documento onde constam os imóveis que são propriedade do partido e o respetivo valor para a próxima direção e prevê-se que os custos das sedes do CDS que estão neste momento alugadas passem a ser suportados pelos militantes, já que o partido não cobre quotas.

No entanto, todos estes testemunhos são contrariados por Raul Almeida, antigo deputado, que diz ter existido uma proposta do Patriarcado de Lisboa, no valor de um milhão e 200 mil euros para que o CDS deixasse a sua sede, a qual foi recusada. “Se o partido tivesse elegido cinco deputados podia admitir manter-se no Caldas, até porque há uma ligação emocional e simbólica ao Largo do Caldas, mas isso não aconteceu. […] O CDS tem de ter uma estrutura leve em termos de despesas que lhe permita ser viável”, concluiu.

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