Uma equipa de investigadores está a contar com uma ajuda improvável na procura por vida extraterrestre: os dinossauros.
Durante a era dos dinossauros, a atmosfera da Terra continha níveis significativamente mais elevados de oxigénio, tornando as assinaturas químicas da vida mais discerníveis. Esta revelação poderá revolucionar a forma como procuramos vida em exoplanetas distantes.
O Éon Fanerozoico, que abrange os últimos 540 milhões de anos da história da Terra, coincidiu com o reinado dos dinossauros. Durante este período, os níveis de oxigénio atmosférico variavam entre 10% e 35%, um forte contraste com os atuais 21%. Este ambiente único criou bioassinaturas mais fortes e mais detetáveis, especificamente os pares de oxigénio e metano, bem como ozono e metano.
Os espectros de transmissão são formados quando a atmosfera de um planeta absorve cores específicas da luz das estrelas, permitindo a passagem de outras. Estes espectros são ferramentas valiosas para os cientistas decifrarem a composição de uma atmosfera à distância.
A nova investigação de uma equipa de cientistas da Universidade de Cornell sugere que os espectros de transmissão da Terra durante a era dos dinossauros teriam sido mais distintos, tornando teoricamente mais fácil para uma civilização extraterrestre detetar vida na Terra durante o período Jurássico do que nos tempos modernos.
Este estudo, escreve o Earth.com, sugere a possibilidade de que os planetas com atmosferas semelhantes às condições pré-históricas da Terra possam não só albergar formas de vida simples, mas também organismos mais complexos.
Rebecca Payne, que lidera a investigação, explora mudanças significativas na biosfera da Terra, medidas através de alterações na composição dos gases atmosféricos. Estas descobertas colmatam uma lacuna crucial na nossa compreensão do que procurar ao estudar exoplanetas que possam albergar vida extraterrestre.
O seu estudo destaca um período crucial em que o oxigénio atmosférico oscilou dentro do que é conhecido como a “janela de fogo” do carvão vegetal.
A “janela de fogo” do carvão vegetal ocorre quando os níveis de oxigénio são propícios tanto à prevenção como à manutenção de incêndios. Este equilíbrio pode ter impulsionado a evolução dos dinossauros e de outras criaturas de grande porte, especialmente quando os níveis de oxigénio atingiram um pico de cerca de 30%, há aproximadamente 300 milhões de anos.
Com cerca de 40 exoplanetas rochosos já identificados em zonas habitáveis, o Telescópio Espacial James Webb pode potencialmente analisar as suas atmosferas.
Embora os modelos atuais sejam teóricos, levantam a perspetiva de que alguns exoplanetas podem apresentar condições que permitiram o aparecimento de formas de vida diversas e complexas, semelhantes ao passado pré-histórico da Terra.
A descoberta de um exoplaneta com uma atmosfera contendo 30% de oxigénio pode ter implicações significativas, aumentando as hipóteses de encontrar vida microbiana e sugerindo a existência de criaturas tão grandes e variadas como as do passado da Terra.
O novo estudo foi recentemente publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters.