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Vai ser mais difícil criar emprego em 2019

José Sena Goulão / Lusa

A maioria dos empresários e gestores de topo ouvidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em dezembro mostraram-se bem menos otimistas quanto à criação de emprego no arranque de 2019.

A situação mais débil acontece na indústria, onde o indicador oficial mostra que a tendência de queda dura já há oito meses consecutivos. Mas os outros setores da economia também denotam problemas.

O sentimento mais positivo que existia na construção e obras públicas, em outubro, desvaneceu: o indicador está a cair desde essa altura. Os gestores do comércio também se mostraram mais animados em novembro, mês da Web Summit e vésperas de Natal, mas quando o INE os questionou em dezembro, esse otimismo era mais moderado.

Só os serviços, onde caem atividades como o turismo, está a ganhar força: desde julho, cada mês que passa sinaliza uma maior confiança nas perspetivas de criação de emprego, de acordo com o Diário de Notícias.

Em dezembro, o INE  perguntou a 439 empresários e decisores empresariais se estavam inclinados a contratar mais pessoas para as suas organizações neste arranque de 2019. Quase 70% das pessoas ouvidas – cerca de 3.200 gestores da indústria, comércio e da construção – indicaram que, embora ainda estejam interessadas em reforçar o número de postos de trabalho, pensam fazê-lo a um ritmo mais modesto face ao que acontecia em meados de 2018.

Nos últimos meses houve uma redução geral nas expectativas, sobretudo por causa do ambiente internacional mais incerto e arriscado.

A última avaliação à economia feita pelo Banco de Portugal notou que “os valores para o horizonte 2018-19 implicam um crescimento ligeiramente inferior do PIB face às estimativas divulgadas nos boletins económicos de junho e outubro, essencialmente devido a uma revisão em baixa do crescimento das exportações, que reflete a revisão das hipóteses relativas à evolução da procura”.

“O enquadramento externo está na origem dos principais fatores de risco e incerteza que rodeiam a atual projeção”, acrescentou o banco central.

O governo tem um Orçamento do Estado+ feito para uma economia que cresce 2,2% neste ano, mas a maioria das instituições prevê agora um abrandamento para 1,8% em 2019.

Vários fatores podem ajudar a explicar esta perda de confiança empresarial no campo da criação de emprego.

A execução do investimento público continuava muito abaixo das metas previstas para 2018 como um todo. O aeroporto do Montijo, por exemplo, que era suposto ter arrancado durante 2018, só deve arrancar este ano, se não houver mais contratempos.

O turismo, que tem sido o grande motor das exportações, “vive um ambiente de fim de ciclo”, disse recentemente Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo.

Os cálculos mostram que a faturação do setor hoteleiro e de outros alojamentos turísticos foi de 1,4 mil milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 3,4% em relação ao verão de 2017.

É o crescimento nominal mais fraco dos últimos anos, sendo significativamente mais baixo do que os precedentes. Nos últimos cinco anos, a expansão do turismo estava a ser feita a ritmos de dois dígitos.

ZAP //

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