45 ativistas condenados até 10 anos de prisão em Hong Kong por constituírem oposição ao Partido Comunista. Estado chinês perdeu “a confiança do povo”.
Benny Tai e Joshua Wong faziam parte do chamado grupo Hong Kong 47, constituído por ativistas e legisladores que elaboraram em 2020 um plano para escolher candidatos da oposição para as eleições regionais.
Tai, considerado o principal infrator, foi condenado a 10 anos e Wong a mais de quatro anos. Outras 43 pessoas foram condenadas, após duas terem sido absolvidas em maio. O total das penas de prisão decretadas pelos juízes ascendeu a mais de 240 anos, conta a CNN.
Joshua Wong, um antigo líder estudantil, terá ainda gritado “Eu amo Hong Kong” antes de sair do banco dos réus após a sentença que o condenou, a ele e a dezenas de outros, por subversão política.
O julgamento marca agora o maior caso relacionado com a dura lei de segurança nacional (NSL) que a China impôs a Hong Kong logo após os explosivos protestos pró-democracia da cidade em 2019, quando milhares de opositores ao regime pediram reformas democráticas na cidade, que tem mais de 7,5 milhões de habitantes.
À BBC, Sunny Cheung, um ativista que concorreu às primárias de 2020, mas que entretanto fugiu para os EUA, disse que “eles [o Estado] podem estar felizes de certa forma porque toda a oposição está a ser eliminada… mas, ao mesmo tempo, perderam toda a geração. Não têm a confiança do povo”.
Na altura dessas eleições, os ativistas argumentaram que as suas ações eram permitidas ao abrigo da Lei Básica — uma “mini-constituição” que permite algumas liberdades.
“Nunca imaginaram que estariam na prisão apenas por criticar o governo”, disse à BBC o antigo legislador da oposição Ted Hui, que participou nas primárias e mais tarde fugiu para a Austrália.
De acordo com a CNN, desde que a NSL foi implementada, a maioria das figuras pró-democracia está na prisão ou num exílio auto-imposto, uma série de grupos civis foram dissolvidos e muitos meios de comunicação social independentes foram encerrados. Pequim também reformulou o sistema político de Hong Kong para garantir que apenas os “patriotas” mais convictos se possam candidatar a eleições.
O caso tem sido amplamente acompanhado pelos media, e é já conhecido como “o julgamento dos 47 de Hong Kong”. Alguns países, como os EUA , já condenaram publicamente o sucedido.
Citado pela CNN, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China respondeu na terça-feira, acusando “alguns países ocidentais” de “interferirem nos assuntos internos da China e de difamarem e minarem o Estado de direito em Hong Kong”.