Dexter da vida real matou na sua garagem. Quando a ficção não deveria inspirar a realidade

Um cineasta inspirou-se na série televisiva para elaborar planos reais de homicídios. Eram uma “homenagem ao Dexter”.

Dexter. Basta dizer este nome para milhares de pessoas em Portugal, milhões no mundo, se sentirem nostálgicos.

Queriam o regresso da série, que terminou (aparentemente de vez) no ano passado.

Gostavam muito da série mas sabiam que era apenas ficção – baseada nos livros de Jeff Lindsay.

O problema é quando há pessoas que transportam a ficção para a realidade. Sobretudo este conteúdo de ficção.

Dexter Morgan era analista forense na polícia de Miami e matava criminosos que escapavam às autoridades. Preparara uma “sala da matança”, preparada ao detalhe, para nunca ser apanhado pelos colegas. Ajudava a polícia durante o dia, matava durante a noite. Em resumo, era isso.

Mark Twitchell é um cineasta que gostava tanto de Dexter, que começou a fazer o que ele fazia. Mas na vida real.

O portal Unilad recorda o homem de 43 anos, que começou por arrendar uma garagem muito parecida com a tal sala de Dexter.

Depois tornou-se assíduo em aplicações de namoro, onde se procura alguém, online, para ter encontros.

Mas Mark não queria encontros. Queria vítimas.

A primeira vítima foi Gilles Tetreault. Em 2008, depois de terem combinado um encontro numa aplicação, Gilles entrou na garagem e foi imediatamente agredido. Mas conseguiu fugir.

Seguiu-se outro homem, Johnny Altinger – que não conseguiu fugir.

Apenas uma semana após a fuga de Gilles, Mark Twitchell utilizou o mesmo método, atraiu Johnny, espancou-o na cabeça e depois esfaqueou-o até à morte.

“Regra número um: não ser apanhado”, dizia o pai adoptivo de Dexter (que era polícia). Tal como Dexter, Mark prosseguiu para a etapa seguinte do seu plano: não deixar rastos.

Pegou no telemóvel da vítima e escreveu a amigos a dizer que estava numas férias longas, com uma mulher maravilhosa que tinha conhecido.

Mas os amigos ficaram desconfiados, avisaram a polícia e indicaram onde o seu amigo tinha ido ao encontro.

A polícia entrou na garagem de Mark Twitchell e viram o que se viu inúmeras vezes na série televisiva: metros de plástico, mesa cheia de sangue e material de limpeza.

O criminoso não foi meticuloso como Dexter era: deixou vestígios do sangue da vítima, no seu carro. E foi apanhado, quatro semanas depois do primeiro crime.

Explicou à polícia que estava em trabalho. Estava a produzir um filme com o título House of Cards (em 2008…?), que era baseado em homens que eram atraídos para uma garagem para serem assassinados. Mas assegurou que iria deixar os homens fugir – tudo inserido no guião do filme.

Mas os polícias encontraram um ficheiro no computador que detalhava todos os crimes de Mark.

E, nesse ficheiro (que o assassino tentou esconder), lê-se: “Isto não é uma cópia do estilo de Dexter Morgan. É uma homenagem a Dexter Morgan”.

Mark era membro de vários clubes online de fãs de Dexter e admitiu a um colega que estava assustado com o quanto ele se identificava com o personagem.

Mark Twitchell foi a tribunal, onde foi considerado culpado de assassinato em primeiro grau e condenado a um mínimo de 25 anos de prisão.

Mas continuou a negar qualquer relação com Dexter.

ZAP //

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