Detritos de foguetão chinês reentraram “de forma descontrolada” na atmosfera perto das Filipinas

(cv) SciNews / YouTube

O foguetão chinês Long March 5B

Após vários dias de previsões, os detritos do foguetão chinês Longa Marcha 5B que se aproximavam da Terra reentraram na atmosfera, caindo sobre o Oceano Pacífico às 17:45 de sábado, com a maior parte dos destroços a se desintegrar sobre o mar de Sulu, entre a Malásia e as Filipinas.

A informação foi avançada pelo Comando Espacial dos Estados Unidos e confirmada pela Agência Espacial Tripulada Chinesa, na rede social Weibo. Na quinta-feira, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) informou que entre 30 e 31 de julho poderia haver uma queda de “até nove toneladas” de detritos do foguetão chinês em território europeu. Portugal chegou a estar na rota prevista.

Mas o lixo espacial acabou por dispersar “de forma descontrolada” por uma área com cerca de 2000 quilómetros de comprimento e 70 quilómetros de largura.

“Este é o desfecho da reentrada do Chang Zheng 5B Y3 [parte do foguetão Longa Marcha 5B]”, escreveu no Twitter Jonathan McDowell, astrofísico no Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard, apontando: “voltaremos a passar por isto em outubro, com o Chang Zheng 5B Y4, programado para o lançamento do próximo módulo da estação Tiangong, a estação espacial chinesa”.

Este foguetão foi lançado para a órbita da Terra pela China no dia 24 de julho e os seus destroços regressaram à Terra menos de uma semana depois.

Ao Público, o astrofísico português André Moitinho de Almeida explicou que a regra é que esse tipo de detritos sejam controlados e se desintegrem em pequenos fragmentos ao reentrar na atmosfera – todos os anos retornam ao planeta uma centena de objetos fragmentados.

Neste caso, contudo, a reentrada de um gigante objeto de várias toneladas e grandes dimensões aconteceu sem qualquer controlo e sendo quase impossível prever onde cairia, algo que só se explica por “negligência” da China, afirmou o professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

“As missões chinesas têm sido alvo de muitas críticas. É completamente irresponsável permitir que objetos deste tamanho reentrem de forma não controlada [na atmosfera]”, argumentou o e investigador do CENTRA – Centro de Astrofísica e Gravitação. “A tecnologia existe e é uma prática, só que nem toda a gente a adota. Acho que é negligência, irresponsabilidade [da China]”, concluiu.

Já em 2020 e 2021, a China permitiu o regresso descontrolado de destroços de foguetões lançados pelo país. Acabariam por cair perto da costa ocidental africana e no Oceano Índico, respetivamente.

ZAP //

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