Astrofísicos da Universidade do Oklahoma, nos EUA, descobriram os primeiros planetas fora da Via Láctea. Uma descoberta incrível de “ciência muito fixe”, como diz um dos investigadores envolvidos.
O professor Xinyu Dai e o investigador Eduardo Guerras, da Universidade do Oklahoma, usaram um efeito astronómico conhecido por microlente gravitacional, conseguindo, assim, encontrar milhares de planetas numa galáxia a 3,8 mil milhões de anos-luz de distância da Terra.
Socorrendo-se de dados do Observatório Chandra X-ray, um telescópio espacial da NASA, os dois astrofísicos conseguiram “detectar objectos em galáxias extra-galácticas que vão desde a massa da Lua até à massa de Júpiter”, conforme explica a universidade num comunicado.
“É a primeira vez que alguém descobre planetas fora da nossa galáxia”, salienta Xinyu Dai, citado pela Universidade de Oklahoma, manifestando o entusiasmo com a descoberta. “Até este estudo, não havia evidências de planetas noutras galáxias.”
Microlente gravitacional
A técnica de microlentes identifica as assinaturas gravitacionais dos planetas que orbitam estrelas localizadas a grandes distâncias da Terra, como explicam os investigadores no artigo científico publicado no The Astrophysical Journal Letters.
Até agora, todos os objectos descobertos usando esta técnica estavam dentro dos limites da Via Láctea. Mas os cientistas usaram os dados do Chandra X-ray para expandir essa visão e incluir estes planetas extra-galácticos.
“À medida que um planeta orbita uma estrela, o campo gravitacional do sistema pode dobrar a luz de uma estrela distante atrás dela”, explica o ScienceAlert sobre o processo de análise. “Quando um planeta entra na mistura, cria uma perturbação adicional na luz que nos alcança – uma assinatura reconhecível para o planeta”, sublinha a publicação.
A pesquisa dos investigadores passou pela análise da “alta frequência da assinatura” dos pequenos planetas observados com a técnica de microlente, “modelando os dados para determinar a respectiva massa”, explica Xinyu Dai.
2.000 mundos fora da Via Láctea
Para chegar a esta descoberta extraordinária, os astrofísicos da Universidade do Oklahoma estudaram um quasar a 6 mil milhões de anos-luz chamado RX J1131-1231, um dos melhores quasares com lente gravitacional no céu.
Foi assim que descobriram que havia mudanças peculiares na luz do quasar que só poderiam ser explicadas por planetas. E chegaram à conclusão de que havia cerca de 2.000 mundos diferentes entre as estrelas dessa galáxia distante.
“Este é um exemplo de quão poderosas as técnicas de análise de microlentes extra-galácticas podem ser”, destaca Eduardo Guerras.
“Esta galáxia está localizada a 3,8 mil milhões de anos-luz de distância, e não há a mínima hipótese de observar estes planetas directamente, nem mesmo com o melhor telescópio que se pode imaginar num cenário de ficção científica”, sublinha Guerras.
“Contudo, conseguimos estudá-los, revelar a sua presença e até ter uma ideia das suas massas”, acrescenta, concluindo que “isto é ciência muito fixe“.
Novas portas se abrem…
A confirmação da existência de planetas para lá da nossa galáxia é uma conquista incrível que abre diversos caminhos de pesquisa.
Quanto melhor entendermos o universo, melhor entenderemos como o nosso Sistema Solar se formou e porque é que a vida inteligente surgiu na Terra. Graças a esses resultados inovadores, os cientistas podem olhar ainda mais longe para obter respostas a questões fundamentais sobre o espaço.
ZAP // Hypescience
Cada vez mais com milhares deles à escolha possivelmente começará por aí a haver disputas entre a malta na escolha do seu futuro planeta.
É mais que óbvio que todas as galáxias do universo, sendo
compostas por milhões de estrelas, forçosamente terão milhões de planetas. Não vejo nada de extraordinário nesta descoberta.
Não vê nada de extraordinário? Há uma diferença enorme entre saber-se ou pressupor-se uma coisa e ter tecnologia e técnicas para o provar.