Descobertos super neurónios em idosos com mais de 80 anos

Os cientistas que estudam os cérebros do chamados “SuperAgers” descobriram um conjunto de neurónios significativamente maiores associados à memória.

Os “SuperAgers” são um grupo de indivíduos com mais de 80 anos e uma memória episódica excecional equiparável a pessoas com 20 a 30 anos.

Estudos sobre o que torna os cérebros destes “SuperAgers” diferentes dos cérebros idosos típicos produziram alguns conhecimentos fascinantes nos últimos anos.

Segundo a New Atlas, estes conhecimentos estão não são só relacionados com a memória, mas também com a forma como podem manter a degeneração neurológica à distância.

Os exames PET mostraram que estes cérebros continham agregações muito mais baixas de placas cerebrais tóxicas e emaranhados associados à doença de Alzheimer, e os exames MRI mostraram que apresentam a rede neural e a conectividade semelhante aos cérebros dos jovens adultos. Outros estudos sobre a memória visual especificamente descobriram que a sua atividade cerebral pode ser semelhante à de um jovem de 25 anos.

Com base nisto, foi realizado um novo estudo por investigadores da Northwestern University, publicado em setembro deste ano no The Journal Of Neuroscience, em que se concentraram no córtex entorrinal, uma região cerebral responsável pela memória e uma das primeiras afetadas pela doença de Alzheimer.

A equipa estudou seis cérebros pós-morte dos “SuperAgers” e encontrou neurónios maiores e mais saudáveis numa das seis camadas que compõem esta região. Estes neurónios foram comparados com os de sete pessoas idosas médias a nível cognitivo, seis sujeitos jovens e cinco sujeitos com Alzheimer precoce, e foram encontrados como sendo significativamente maiores.

Sabe-se que os neurónios no córtex entorhinal são muito vulneráveis aos novelos neurofibrilares cerebrais constituídos por proteínas tau anormais, uma marca do envelhecimento e da doença de Alzheimer precoce. Mas os cientistas descobriram que os neurónios SuperAger continham significativamente menos destes emaranhados, o que suspeitam estar relacionado com o seu maior tamanho.

Os cientistas dizem que as descobertas indicam que os neurónios que escapam ao início da formação de emaranhados podem manter melhor a sua integridade estrutural, enquanto que os emaranhados de tau parecem levar a uma contração neuronal.

“Neste estudo, mostramos que no Alzheimer, a retração neuronal (atrofia) no córtex entorhinal parece ser um marcador característico da doença”, disse o autor principal Tamar Gefen. “Suspeitamos que este processo é uma função da formação de emaranhados nas células afetadas, levando a uma fraca capacidade de memória na idade mais avançada”.

“Identificar este fatores contribuintes (e todos os fatores que contribuem) é crucial para a identificação precoce da doença de Alzheimer, controlando o seu curso e orientando o tratamento”.

Os cientistas consideram estes resultados como provas de que estes neurónios maiores são um pilar chave na memória excecional vista em “SuperAgers”. A partir daqui, esperam aprofundar a razão pela qual estes neurónios são melhor mantidos no cérebro destes indivíduos, investigando o ambiente celular e as razões subjacentes à sua resiliência.

“A notável observação de que os “SuperAgers” mostraram neurónios maiores do que os seus pares mais jovens pode implicar que grandes células estavam presentes desde o nascimento e são mantidas estruturalmente ao longo das suas vidas”, disse Gefen.

Os investigadores concluem que que os neurónios maiores são uma assinatura biológica da trajetória do “SuperAging”.

Inês Costa Macedo, ZAP Notícias //

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