Descobertos milhares de estranhos filamentos de energia rádio que emergem do centro da galáxia

JPL-Caltech / NASA

Os braços espirais da Via Láctea.

Apesar de os cientistas já saberem da existência destes filamentos, foi uma surpresa a quantidade de objetos descoberta.

Através de observações ao centro da Via Láctea, um conjunto de investigadores descobriram milhares de estruturas semelhantes a fios nunca antes vistas.

As estruturas, conhecidas como filamentos de rádio, partem do centro da Galáxia em fios com pouca espessura, mas com cumprimentos equivalentes até 150 anos-luz, ou quase 40 vezes a distância entre a Terra e o sistema estelar vizinho mais próximo, o Proxima Centauri.

Ainda segundo Live Science, alguns filamentos de rádio aparecem em pares, ao passo que outros se apresentam em conjuntos igualmente espaçados – como as cordas de uma harpa.

Os fios são cerda com energia, gerada por biliões de eletrões que saltam através de um campo magnético a uma velocidade próxima da luz, isto de acordo com estudos publicados no The Astrophysical Jornal e no The Astrophysical Journal Letters.

Apesar de os cientistas saberem há várias décadas da existência dos filamentos em torno do centro galático, este novo conjunto de observações de alta definição, possível através do radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, revelou que há 10 vezes mais estruturas do que se pensava anteriormente.

Este estudo pode também ajudar os investigadores a finalmente descobrir no que consistem os filamentos e a sua origem.

“A simples análise de alguns filamentos torna difícil tirar qualquer conclusão real sobre o que são e de onde vieram”, aponta o autor principal do estudo Farhad Yusef-Zadeh, professor de física e astronomia na Northwestern University em Evanston, Illinois, numa declaração.

“Agora, finalmente, vemos o grande quadro – uma vista panorâmica cheia de filamentos… Isto é um divisor de águas para aprofundar a nossa compreensão destas estruturas”, acrescentou o investigador.

O centro da Via Láctea está repleto de objetos misteriosos que estão obstruídos seja por gases ou pó, que dificultam o correto estudo com comprimentos de onda de luz visíveis. Ainda assim, ao concentrarem-se nas ondas de rádio energética que irradiam do centro da galáxia, os astrónomos podem vislumbrar algumas das estruturas e das interações que aí ocorrem.

Através do telescópio MeerKAT, os autores do novo estudo observaram o centro galático da atividade rádio durante 200 horas, ao longo de três anos. Com base nestas observações, construíram um mosaico de 20 observações distintas, com casa uma a focar-se numa secção distinta do céu.

O resultado final consegue captar muitas fontes conhecidas de ondas de rádio – tais como restos de supernovas brilhantes e as regiões gasosas do espaço onde novas estrelas brilham – bem como as impressões digitais misteriosas de quase 1.000 filamentos de rádio.

Ainda assim, a pergunta impõe-se: o que são, ao certo, estas estruturas semelhantes a dedos? De acordo com Yusef-Zadeh, a melhor hipóteses aponta para os filamentos como objetos gerados por raios cósmicos que se movem através de um campo magnético.

Estúdios anteriores já mostravam que algo espreitava no centro da Via Láctea, atuando como um gigantesco acelerador de partículas e explodindo constantemente raios cósmicos para o Espaço.

Uma pista pode ser o enorme par de bolhas de rádio que parecem soprar do centro da galáxia, que se aproxima imediatamente acima do plano galáctico e a outra que se inclina abaixo dele.

De acordo com os autores dos novos estudos, muitos dos filamentos de rádio recentemente detectados caem nas cavidades destas enormes bolhas. É possível que os filamentos tenham sido criados pela mesma antiga explosão de atividade dos buracos negros que inflacionaram as bolhas de rádio há milhões de anos.

No entanto, mesmo esta explicação deixa algumas questões por responder.

“Ainda não sabemos porque é que eles vêm em aglomerados ou compreendemos como [os filamentos] se separam, e não sabemos como estes espaçamentos regulares acontecem”, disse Yusef-Zadeh. “Cada vez que respondemos a uma pergunta, surgem várias outras questões“.

ZAP //

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