Descobertas as gravuras rupestres Neandertais mais antigas de sempre

Marcas de dedos com mais de 57 mil anos encontradas numa gruta em França são as gravuras rupestres mais antigas feitas pelo Homem pré-histórico de Neandertal, revela um estudo publicado esta quarta-feira.

Foi encontrada na gruta La Roche-Cotard, situada na região do Vale de Loire, no centro de França, tem nas paredes uma série de marcas não figurativas que são interpretadas como traços de dedos.

No decorrer do estudo a estas marcas, uma equipa científica concluiu, a partir da forma, do espaçamento e da ordenação das gravuras, que se trata de marcas organizadas e intencionais criadas por mãos humanas — especificamente por neadertais.

Segundo o arqueólogo Thierry Aubry,co-autor do estudo publicado esta quarta-feira na PLOS ONE, as gravuras de La Roche-Cotard “são exemplos inequívocos de desenhos abstratos feitos pelo Homem de Neandertal“.

Aubry, responsável técnico e científico do Museu e Parque Arqueológico do Vale do Coa, analisou os vestígios de pedra lascada do interior da gruta, cujo método de lapidação é atribuído apenas ao Homem de Neandertal na Europa.

Segundo o arqueólogo, que tem trabalho publicado sobre as gravuras rupestres de Foz Coa, os dados recolhidos “indicam que a gruta não foi frequentada após 57 mil anos porque a sua entrada foi tapada” e só ficou acessível depois da sua descoberta e das escavações no início do século XX.

J-C Marquet, Aubrey et al / Plos One

Os autores do estudo chegaram à datação das gravuras a partir de amostras de sedimentos da gruta obtida por luminescência oticamente estimulada.

Este método é muito utilizado na datação em arqueologia, em particular de sedimentos, por permitir determinar, com base na luz emitida por um processo de excitação ótica, o tempo decorrido desde que os grãos que compõem o sedimento foram expostos pela última vez à luz solar.

A origem humana das marcas não figurativas e espacialmente estruturadas que foram descobertas na gruta de La Roche-Cotard “é suportada por estudos de traçado e experimentais”, adiantou Thierry Aubry à agência Lusa.

As gravuras revelam, de acordo com os autores do estudo que “o comportamento e as atividades dos Neandertais eram tão complexos e diversos” como os do Homo sapiens, homem moderno.

Para Thierry Aubry, falta agora “estabelecer uma relação direta” entre as gravuras e “um dos níveis de ocupação dos diferentes lugares” da gruta pelo Homem de Neandertal e que “poderá ser anterior a 57 mil anos“.

O Homem de Neandertal era de estatura pequena e tinha uma grande capacidade cerebral, embora menor do que a do Homo sapiens. A sua designação tem origem nos fósseis descobertos no século XIX no Vale de Neander, na Alemanha.

Esta subespécie humana foi dominante na Europa no período compreendido entre 400 mil anos e 35 mil anos. Tradicionalmente vistos como brutos e selvagens, os neandertais foram, na verdade, os primeiros artistas do mundo, criando pinturas em cavernas cerca de 20 mil anos antes da chegada do Homo sapiens à Europa.

ZAP // Lusa

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