Um novo estudo identificou uma forma de impedir a morte das células. Esta descoberta abre caminho para o desenvolvimento de tratamentos que retardam a progressão de doenças neurodegenerativas.
O programa de “suicídio celular” do nosso corpo – a apoptose – é regulado por interações entre membros da família de proteínas B cell lymphoma 2 (BCL-2).
Algumas destas proteínas promovem a sobrevivência celular, enquanto outras desencadeiam a morte celular.
Os cientistas são capazes de aproveitar algumas das propriedades indutoras da morte destas proteínas para tratar certos tipos de cancro do sangue.
Agora, um estudo publicado na semana passada, na Science Advances, descobriu como fazer o oposto: bloquear a morte celular visando uma dessas proteínas, abrindo caminho para tratamentos que impedem a progressão de doenças neurodegenerativas como, por exemplo, a doença de Parkinson.
“Atualmente, não existem tratamentos que impeçam a morte dos neurónios para retardar a progressão da doença de Parkinson. Qualquer medicamento que seja capaz de fazer isso pode ser revolucionário”, explicou Grant Dewson, coautor do estudo, à New Atlas.
Como explica a mesma revista, os investigadores analisaram 106.572 compostos e identificaram um que tivesse como alvo uma proteína destruidora de células, a BAX.
“Ficámos entusiasmados ao encontrar uma pequena molécula que tem como alvo uma proteína assassina chamada BAX e impede que ela funcione“, disse, por seu turno, Guillaume Lessene, outro dos autores do estudo do Instituto Walter e Eliza Hall de Investigação Médica (WEHI) em Melbourne, na Austrália.
“Embora não seja o caso na maioria das células, nos neurónios, desativar apenas a BAX pode ser suficiente para limitar a morte celular“, acrescentou.
Os investigadores observaram, depois, que a pequena molécula que identificaram – à qual deram o nome de WEHI-3773 – inibia a capacidade da BAX de destruir as mitocôndrias das células, impedindo a sua morte.
“Pela primeira vez, conseguimos manter o BAX longe das mitocôndrias e manter as células vivas usando essa molécula. Isto pode abrir caminho para a próxima geração de inibidores da morte celular para combater doenças degenerativas“, disse o líder da investigação Kaiming Li.