Uma equipa de arqueólogos descobriu um fortaleza com 2300 anos que protegia um antigo porto chamado “Berenike” no Egito, na costa do Mar Vermelho.
De acordo com os arqueólogos, que fazem parte de uma expedição da Polónia, a fortaleza foi construída durante a Dinastia Ptolomaica, época em que o Egito foi governado por uma série de generais após a morte de Alexandre, o Grande. Durante esta dinastia, a construção de fortificações foi bastante considerável.
“Uma linha dupla de muralhas protegia a parte ocidental da fortaleza, enquanto uma única linha bastava para o leste e norte. Torres quadradas foram construídas nos cantos e em lugares estratégicos onde as secções das paredes se conectavam”, escreveram os arqueólogos Marek Woźniak e Joanna Rądkowska num artigo publicado no início de dezembro online na revista Antiquity.
A parte ocidental do forte, que consiste em paredes duplas, está voltada para o interior, sugerindo que os defensores estavam particularmente preocupados com um ataque vindo daquela direção, explicou Woźniak, do Centro de Arqueologia Mediterrânea da Universidade de Varsóvia, na Polónia, em declarações ao portal Live Science.
A maior e mais fortificada parte da fortaleza de Berenike é um complexo que mede cerca de 160 metros de comprimento e 80 metros de largura e consiste em “três grandes pátios e várias estruturas associadas, formando um complexo fortificado fechado com lojas e oficinas”, descreve a publicação.
Contudo, o aspeto mais impressionante da fortaleza, apontou Woźniak, é sua arquitetura “monumental, bem-feita, coberta e protegida pelas areias. É incrível”, disse o arqueólogo.
No interior da fortaleza, os arqueólogos encontraram um poço bem cortado e uma série de condutas e piscinas que recolhiam, armazenavam e distribuíam quer as águas subterrâneas como as águas da chuva. “As duas maiores piscinas podem ter uma capacidade total de mais de 17.000 litros”, escreveram. O fato da água das chuvas ter sido drenada e recolhida sugere que Berenike tinha “um clima mais húmido”, frisaram.
No lado sul da muralha, numa antiga lixeira, os arqueólogos descobriram ainda figuras de terracota, moedas e fragmentos de um crânio de elefante.
“Curiosamente, parece que os administradores de [Berenike] consideraram que as eram fortificações desnecessárias. Algumas delas foram destruída após um período muito curto de existência”, acrescentou Woźniak, dando ainda conta que não foram encontradas evidências de qualquer ataque a Berenike.
O arqueólogo revelou ainda que os Ptolomeus construíram cidades fortificadas e fortalezas perto das fronteiras do seu reino, uma vez que estes não sabiam como é que os habitantes locais que viviam nas fronteiras reagiram à sua presença.
Ponto de comércio antigo
Segundo Woźniak, há registos históricos que indicam que Berenike fazia parte de uma cadeia de portos construída ao longo do Mar Vermelho para ajudar a fornecer elefantes de guerra ao exército dos Ptolomeus. Em 2014, a pesquisa genética revelou que os Ptolomeus importaram, provavelmente, os seus elefantes da Eritreia, na África Oriental.
Depois de Roma ter assumido o Egito em 30 a.C., o comércio expandiu-se em Berenike e o porto tornou-se num importante centro de comércio. Do primeiro ao sexto século d.C., as evidências sugerem que os laços comerciais se estenderam da Grécia e Itália ao sul da Arábia, Índia, Península Malaia, Etiópia e África Oriental, escreveram os investigadores.
ZAP // Live Science