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Descoberta “borboleta jurássica” (que não é antepassada da borboleta moderna)

James Di Loreto / Conrad Labandeira e Jorge Santiago-Blay

Uma borboleta moderna (“Caligo memnon”) e um crisopídeo Kalligrammatid (“Oregramma illecebrosa”)

Um animal que se parece com uma borboleta e se comporta como uma borboleta, mas não é uma borboleta: um grupo de insectos extintos conhecido como crisopídeos kalligrammatid partilha uma misteriosa semelhança com as borboletas modernas. 

Num exemplo incrível de evolução convergente, tanto as borboletas (ordem Lepidoptera) como as kalligrammatids (ordem Neuroptera) evoluíram com o mesmo tipo de características físicas em eras muito diferentes, mesmo ao alimentarem-se de plantas díspares, explica Conrad Labandeira, paleobiólogo do Museu Nacional de História Natural Smithsonian.

Contudo, estes insetos antigos – de diferentes ordens – evoluíram para algo diferente das borboletas modernas, tornando-se crisopídeos – insectos completamente diferentes.

Vichai Malikul / Smithsonian Institution

A Oregramma illecebrosa a procurar pólen nas bennettitales, uma ordem de plantas extintas do período Triásico

A Oregramma illecebrosa a procurar pólen nas bennettitales, uma ordem de plantas extintas do período Triásico

“Os crisopídeos kalligrammatid são um grupo de insectos Eurasiáticos extinto que é conhecido pela Ciência há um século, mas os primeiros fósseis encontrados eram fragmentados e não se conseguiu aprender muito deles”, explica Labandeira.

Agora, no entanto, os fósseis de kalligrammatid encontrados entre 2004 e 2012 nos depósitos dos períodos Jurássico e Cretáceo do Nordeste da China revelaram mais características do insecto.

Durante o estudo, cujos resultados foram publicados na semana passada na Proceedings of the Royal Society B, os cientistas conseguiram examinar ao pormenor as superfícies do fóssil usando microscopia óptica, microscopia eletrónica de varrimento, microscopia eletrónica de dispersão e espectrometria de massa de iões, tentando caracterizar as moléculas deixadas para trás pelas diferentes partes do corpo do insecto.

“A fraca preservação dos fósseis de crisopídeos sempre frustraram as tentativas de conduzir um exame morfológico e ecológico detalhado da kalligrammatid“, explica o paleobotânico David Dilcher, co-autor deste estudo que também fez parte da equipa que no ano passado anunciou a descoberta da “primeira flor“.

“Ao examinar estes novos fósseis, contudo, desvendamos um número surpreendentemente grande de semelhanças físicas e ecológicas entre as espécies dos fósseis e as borboletas modernas, que partilharam um ancestral comum há 320 milhões de anos”.

Apesar de terem desaparecido 50 milhões de anos antes das borboletas surgirem na Terra, estes insectos possuem o mesmo formato de asas e as mesmas matizes de pigmentos, manchas nas asas, escala do corpo, longos probóscides e estilos de alimentação semelhantes aos das borboletas.

David Dilcher afirma que estas “primeiras borboletas” sobreviveram em condições semelhantes às suas irmãs modernas, buscando néctar e pólen em plantas antigas com órgãos reprodutivos “semelhantes aos das flores”.

ZAP

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