Democratas travam “onda vermelha” e devem segurar o Senado (mas perder a Câmara dos Representantes)

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Jim Lo Scalzo / Lusa

A vitória de John Fetterman na Pensilvânia pode ser decisiva para os Democratas

Previa-se uma grande vitória dos Republicanos, mas os Democratas conseguiram surpreender e espera-se que conseguiam manter o controlo do Senado. No entanto, a Câmara dos Representantes deve cair nas mãos dos Republicanos.

As sondagens antecipavam uma onda vermelha, mas os resultados estão a ser mais favoráveis aos Democratas do que se antecipava e podemos até ter de esperar até ao final da semana para termos os resultados definitivos. No entanto, há algumas corridas decisivas nas eleições intercalares dos Estados Unidos cujos resultados já estão a ser projectados.

Na eleição para o Senado na Pensilvânia, a CNN projecta que o Democrata John Fetterman será o vencedor e conseguirá virar este lugar, que estava nas mãos do Republicano Pat Toomey, que anunciou a sua reforma.

Esta corrida foi uma das mais acesas e a mais cara de todas as intercalares, com Donald Trump a apostar as fichas no médico e comentador televisivo Mehmet Oz. A campanha foi recheada de ataques pessoais e parece que, no final, os Democratas levaram a melhor e conseguiram assegurar esta importante vitória nas suas esperanças de conseguir segurar a maioria no Senado.

Os Democratas conseguiram ainda assegurar a vitória no Colorado, com o Senador Michael Bennet a conseguir segurar o lugar perante o desafio do Republicano Joe O’Dea. Outro lugar decisivo que o partido de Joe Biden conseguiu segurar foi no New Hampshire, com a Senadora Maggie Hassan a derrotar o Republicano de extrema-direita Don Bolduc.

Outra das corridas apertadas era no Ohio, tendo os Republicanos levado a melhor. O empresário trumpista JD Vance derrotou o congressista Democrata Tim Ryan, sendo que este último fez uma campanha posicionada à direita do seu partido e recusou associações a Joe Biden. A contagem ainda não fechou, mas antecipa-se que a vitória de JD Vance tenha sido por uma margem maior do que as sondagens indicavam.

Já na Carolina do Norte, o congressista Republicano Ted Budd, que recebeu o apoio de Donald Trump, derrotou a ex-juíza Democrata Cheri Beasley e deu um importante impulso às ambições do partido de retomar o Senado.

De acordo com as contas do The New York Times, há cinco corridas apertadas que cada um dos partidos deve ganhar para tentar garantir a maioria no Senado. De momento, os Democratas já conquistaram três das cinco, tendo vencido no Colorado, no New Hampshire e na Pensilvânia, enquanto que os Republicanos conseguiram assegurar duas, o Ohio e a Carolina do Norte.

Os Democratas conseguiram assim vencer com margens pequenas no Colorado, no New Hampsire e também em Washington, enquanto que os Republicanos venceram por pouco na Flórida, na Carolina do Norte, no Ohio e no Utah.

O jornal dá ainda uma vantagem aos Democratas no Arizona, onde o Senador Mark Kelly procura ganhar mais um mandato e tem actualmente uma vantagem de seis pontos contra o Republicano Trumpista Blake Masters. Já no Wisconsin, o Senador Republicano Ron Johnson tem de momento uma vantagem de 1,2 pontos sobre o Democrata Mandela Barnes.

Está ainda tudo em aberto na Geórgia e no Nevada, com o jornal a declarar que as corridas estão tão próximas que ainda é demasiado cedo para projecções.

Assim, nas contas totais, o The New York Times dá uma vantagem aos Democratas, que podem assim surpreender e conseguir segurar ao Senado. O jornal prevê uma probabilidade de 66% de o partido conseguir manter a maioria e antecipa que as contas se mantenham com 50 Senadores para cada partido, com o voto da vice-presidente Kamala Harris a servir de desempate.

As contas na Câmara dos Representantes

Já na Câmara dos Representantes, onde as sondagens davam uma grande probabilidade de os Republicanos vencerem, de momento os Republicanos conquistaram 197 lugares dos 435 em disputa, enquanto que os Democratas contam com 172 congressistas. São precisos 218 lugares para se obter a maioria.

As contas do The New York Times indicam que há 46 corridas-chave para os Democratas conseguirem manter a maioria enquanto que há 19 eleições decisivas para os Republicanos.

De momento, os Democratas asseguraram 19 dos 46 lugares que precisam e os Republicanos venceram cinco dos 19 decisivos. Nas 30 corridas decisivas em aberto, cada um dos partidos lidera em 15 nas estimativas de vencer.

As estimativas calculadas pelo jornal comprovam o favoritismo Republicano, havendo uma probabilidade de 83% de o partido retomar a Câmara dos Representantes. Esta derrota dos Democratas deve-se maioritariamente à perda de lugares em estados da chamada “muralha azul”, como Nova Iorque, Maine ou Califórnia.

Outras decisões importantes

Para além das eleições no Congresso, as intercalares levaram ainda a votos 36 governos estaduais e vários referendos a questões polémicas.

Um dos principais resultados da noite foi a reeleição do Republicano Ron DeSantis como governador da Flórida. Os últimos quatro anos foram recheados de polémicas em torno das suas posições sobre temas como a imigração, a pandemia, os direitos das pessoas trans ou a “teoria crítica racial”.

O governador tornou-se um dos principais rostos do partido Republicano e seria de esperar que fosse um aliado de Donald Trump, dadas as suas políticas semelhantes. No entanto, os rumor de que DeSantis se pode candidatar à presidência em 2024 e ser um dos principais rivais de Trump azedou a relação entre os dois.

Trump, que deve anunciar a sua recandidatura no dia 15, até já avisou DeSantis contra quaisquer aspirações à presidência. “Acho que ele se poderia magoar muito. Acho que a base não gostaria, acho que não seria bom para o partido”, disse esta segunda-feira, ameaçando ainda dizer publicamente “coisas” sobre DeSantis que “não lhe seriam muito favoráveis“.

As aspirações políticas de Stacey Abrams e de Beto O’Rourke também estão agora em xeque. Em 2018, ambos foram derrotados quando concorreram nas intercalares, com O’Rourke a concorrer a um lugar no Senado pelo Texas e Abrams a candidatar-se a governadora da Geórgia, mas ganharam um grande perfil público e tornaram-se estrelas dentro do partido Democrata.

Isto aumentou as expectativas sobre as recandidaturas que apresentaram este ano, mas ambos saíram novamente derrotados. Abrams, que perdeu por uma pequena margem há quatro anos, vai agora ser derrotada por uma bem maior. O’Rourke vai também ser derrotado com uma margem maior contra o governador Greg Abbott do que havia registado na disputa contra Ted Cruz pelo Senado em 2018.

Em Nova Iorque, a governadora Democrata Kathy Hochul conseguiu segurar o cargo que assumiu aquando da demissão de Andrew Cuomo no rescaldo de um escândalo de assédio sexual.

O estado de Nova Iorque é um bastião azul, mas a corrida foi mais apertada do que se esperava, com o representante Republicano Lee Zeldin a ameaçar pôr fim a um domínio Democrata que reinava desde 2002. No entanto, Hochul conseguiu assegurar esta importante vitória para o partido de Joe Biden.

Houve também resultados dignos de nota nos referendos à legalização do uso recreativo de marijuana, que recebeu luz verde dos eleitores dos estados do Missouri e Maryland. Já no Arkansas, na Dakota do Norte e na Dakota do Sul, os referendos foram chumbados. Em relação aos referendos sobre o aborto, espera-se que o direito seja assegurado no Kentucky.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. Os liberais voltaram novamente a cometer fraude e crimes eleitorais nas Eleições Norte-Americanas; se as irregularidades e os crimes eleitorais não forem corrigidos e punidos, o EUA poderão cair na guerra-civil.

      • Roubo, mentira, e fraude, são características dos liberais e do seu modo de actuar, no entanto, o Presidente Trump continua a enfrentá-los, mesmo sabendo que o jogo está viciado, não desiste.

      • O ex-Presidente Jair Bolsonaro e o Dr. André Ventura são o oposto do Presidente Trump, são ambos liberais.

      • Dos 3 que refere o mais liberal é mesmo o Trump! O amigo anda baralhado! Os outros dois são a clássica direita conservadora bem religiosa.

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