O ex-administrador do hospital público de Macau que, na semana passada, foi condenado no território por burla, foi agora afastado do seu cargo em Portugal, onde trabalhava para a Administração Central do Sistema de Saúde num grupo de trabalho que combate burlas hospitalares.
A saída de Rui Sá, que no último ano e meio liderava o Grupo de Trabalho de Combate às Irregularidades Praticadas nas Áreas do Medicamento e dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, foi avançada pela Rádio Renascença.
Rui Sá foi condenado, em Macau, a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, por burla através de receitas falsas, no valor equivalente a cerca de 16 mil euros.
À data dos acontecimentos — entre Maio de 2011 e Abril de 2012 — era administrador-geral no Centro Hospitalar Conde de São Januário, e obteve, segundo a sentença do Tribunal Judicial de Base, citada pelo jornal local Ponto Final, “fármacos avaliados em quase 16 mil euros, conseguidos através de 70 consultas, divididas entre dois pacientes e distribuídas por dois médicos em menos de um ano”.
O tribunal entendeu, no entanto, que os médicos, Rui Furtado, presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa, e António Martins, “foram enganados” por Rui Sá.
O levantamento dos medicamentos — para o tratamento de insónias, Alzheimer e doenças mentais — foi feito em nome de duas pessoas que garantiram em tribunal que “nunca foram a estes médicos nem pediram ao arguido ou a alguém para lhes arranjar medicamentos, nem nunca os tomaram”.
O tribunal considerou que Rui Sá “levou o hospital a acreditar” que estas duas pessoas “eram pacientes com doenças crónicas” e “pedia aos dois médicos para prescreverem medicamentos como se fossem para estes”.
O caso foi denunciado pela Divisão de Farmácia Hospitalar, desencadeando um processo interno em Maio de 2012 que levou ao despedimento de Rui Sá por justa causa.
Após abandonar Macau, Rui Sá regressou a Portugal e foi convidado a representar a Administração Central do Sistema de Saúde num grupo de trabalho que tinha como objectivo estudar o combate a esse tipo de fraudes.
A RR questionou o Ministério da Saúde sobre esta situação, que garante ter sido “apanhado de surpresa”. Na sequência do caso, o Ministério “decidiu afastar Rui Sá”, o que terá acontecido esta quinta-feira.
Tanto o Ministério como a Administração Central do Sistema de Saúde consideram, nas palavras de uma fonte contactada pela RR, “inadmissível, ou até bizarro que Rui Sá pudesse estar envolvido na prevenção exactamente dos mesmos crimes pelos quais acaba de ser condenado”.
/Lusa
De facto, estamos minados de vigaristas!!
Olá ANA B. Desta vez estou totalmente de acordo. No entanto deixe-me acrescentar ao seu VIGARISTAS o meu MALABARISTAS. Já agora: quando se contratam pessoas para um cargo público, não deve ser feita uma avaliação??? Tenho a impressão que que, mais uma vez, há compadrios mas . . .