Onda de demissões e interferências “implacáveis” na televisão pública. Governo italiano acusado de censura

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Vários rostos influentes da estação pública Rai estão de saída e alegam estar a ser pressionados pelo Governo de extrema-direita de Giorgia Meloni.

O Governo de Giorgia Meloni está a ser acusado de tentar influenciar e censurar os conteúdos transmitidos pela Rai, a estação pública de televisão italiana.

Nas últimas semanas, a estação tem sofrido uma onda de demissões — Carlos Fuortes saiu do cargo de director executivo, citando pressões do Governo, os apresentadores esquerdistas Fabio Fazio e Luciana Littizzetto estão de saída após o seu programa não ter sido renovado e esperam-se mais saídas nos próximos meses.

“Com todas as mudanças de Governo, há uma mudança na gestão da Rai. A única diferença é que agora é mais implacável, quando antes era um pouco mais, digamos, cavalheiresca”, explica uma fonte da estação ao The Guardian.

A pressão para o afastamento de Fuortes começou poucos dias antes das eleições de Setembro, com os Irmãos de Itália e a Liga a criticarem o seu trabalho depois de a Rai ter transmitido um programa onde o filósofo francês Bernard-Henri Lévy criticou a direita italiana.

Na sua carta de demissão, Fuortes afirmou que rejeitou ceder às pressões para mudar a linha editorial da estação. “Desde o início de 2023, tem havido um conflito em torno de mim e da minha posição, o que está a enfraquecer a Rai e o serviço público”, explicou.

Fuortes foi rapidamente substituído por Roberto Sergio, um nomeado pelo Governo cujas posições políticas “mudam com o vento”, de acordo com uma fonte. Já o novo director geral é Giampaolo Rossi, que tem ligações aos Irmãos de Itália, o partido neo-fascista da primeira-ministra Meloni, e que considerou numa entrevista a um órgão ligado à extrema-direita que o “anti-fascismo é uma caricatura do passado“.

“O comportamento com Fuortes tem sido vergonhoso. E a nomeação de Rossi como director geral parecia garantida, ele é considerado um “homem forte” e provavelmente será CEO dentro de um ano”, avança um ex-membro do comité parlamentar de supervisão da Rai.

Também ainda antes das eleições, o membro dos Irmãos da Itália Federico Mollicone apelou a que a estação não transmitisse um episódio da série de desenhos animados infantis Peppa Pig que inclui um casal lésbico.

“A Rai sempre foi influenciada pelos Governos, mas com o actual há um grande salto”. Querem controlar a Rai e mudar a narrativa para a sua forma de pensar e cancelar as raízes anti-fascistas no nosso país”, frisa uma outra fonte.

Adriana Peixoto, ZAP //

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3 Comments

  1. A Sr.ª Primeira-Ministra da Itália, Giorgia Meloni, é uma fraude, desde que assumiu o cargo a Itália viu aumentar o tráfico e deslocação de Estrangeiros – também chamado de “emigração” – para o seu território, contabilizando uma cifra de 45 000 emigrantes.
    Em Portugal também temos uma fraude idêntica, o Partido Chega (CH).

  2. Quem chama FRAUDE a Giorgia Meloni NÃO COMPREENDE A NECESSIDADE DE PÔR ORDEM EM QUALQUER CASA SEM ORDEM. Se a alguém fizer confusão por ser MULHER, prepare-se para muitas mais que revelam mais CORAGEM E DETERMINAÇÃO que muitos dos seus Congéneres Masculinos. Quanto ao seu discurso só tenho que APLAUDIR.: QUE GRANDE MULHER.
    Se o comportamento da RAI for igual ou parecido com alguma Comunicação Social Portuguesa, DEVERÁ SER MUITO BEM REORGANIZADA PARA SE REMETER AO LUGAR QUE MERECE E DEIXAR DE DEBITAR ASSUNTOS SÓ PARA NÃO SE CALAR E CONQUISTAR AUDIÊNCIAS. Se Giorgia Meloni conseguir essa victória ABENÇOADA MULHER!
    QUE PENA NÃO SER 1ª MINITRO DE PORTUGAL.

  3. Georgia Meloni é a 1ª Mulher eleita para Presidente do Governo Italiano.
    Numa Verdadeira Democracia tem de haver alternância de poder, entre esquerda e direita.
    Isso de só haver esquerda e extrema-direita é faccioso e anti-democrático.
    Sendo a RAI controlada pela esquerda e pela extrema-esquerda, isso é assumido, numa verdadeira democracia deve ser isenta. Claro, para exercer a sua actividade, democraticamente, a “Linha de editorial” não se enquadra, logo, tem de ser mudada, é óbvio.
    Vivemos uma época em que “democracia” é exclusivamente de esquerda e extrema-esquerda, isso está errado.

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