Um estudo recente adianta que os insetos podem desaparecer em apenas um século, se o ritmo atual de declínio se mantiver. Isso trará consequências catastróficas para os ecossistemas.
Mais de 40% das espécies de insetos em todo o mundo poderão estar extintas nas próximas décadas, e outro terço está ameaçado, revelou a primeira análise científica global sobre o tema. Segundo os autores, a taxa de extinção é oito vezes mais rápida do que a dos mamíferos, répteis e aves, ameaçando um colapso dos ecossistemas da Terra.
A massa total de insetos é reduzida em 2,5% a cada ano, o que indica que estes animais poderão desaparecer em apenas um século. Segundo o estudo, publicado no final de janeiro no Biological Conservation, o planeta atravessa a sexta extinção em massa da sua história, com algumas perdas significativas registadas em algumas espécies de animais de grande porte, cujo desaparecimento é mais fácil de se observar.
Os insetos, porém, existem em variedade e quantidade bem maior, chegando a um número 17 vezes superior ao de humanos.
“Se as perdas de espécies de insetos não forem interrompidas, haverá consequências catastróficas para os ecossistemas do planeta e para a sobrevivência da Humanidade”, disse ao The Guardian o investigador da Universidade de Sidney Francisco Sánchez-Bayo, que elaborou o estudo com seu colega da Academia Chinesa de Ciências Agrárias, Kris Wyckhuys.
“Em dez anos teremos menos um quarto de espécies de insetos, em 50 anos, apenas a metade, e em 100 anos não teremos nenhuma“, alerta Sánchez-Bayo. Os insetos são fundamentais para o funcionamento adequado de todos os ecossistemas, atuando como polinizadores e recicladores de nutrientes e servindo de alimento para outros animais.
O colapso de algumas espécies já foi registado em países como a Alemanha e em Porto Rico, tendo havido uma redução de 98% dos insetos terrestres. Os indícios apontam para uma crise global. “As tendências confirmam que a sexta maior ocorrência de uma extinção em massa gera impacto profundo nas formas de vida no nosso planeta”, afirmam os autores.
O estudo adianta ainda que a maior causa do desaparecimento das espécies de insetos é a agricultura intensiva, em especial o uso de pesticidas.
Novos tipos de inseticidas introduzidos nos últimos 20 anos, incluindo neonicotinoides e fipronil, causam danos significativos ao serem utilizados repetidamente, permanecendo no meio ambiente. Na Alemanha, um estudo mostrou que as populações de insetos voadores em reservas de proteção natural diminuíram 75% ao longo de 25 anos.
Sánchez-Bayo afirmou que a produção de alimentos em escala industrial deve ser revista, destacando que as fazendas orgânicas têm mais insetos e também que o uso ocasional de pesticidas no passado não causava o declínio observado nas últimas décadas. Outros fatores que contribuem para o quadro atual são a urbanização, as espécies introduzidas e as alterações climáticas.
A redução das espécies de insetos começou no início do século XX e acelerou nos anos 1950 e 1960, atingindo proporções alarmantes nas duas últimas décadas. O fenómeno tem impacto em muitas espécies de aves, répteis, anfíbios e peixes que se alimentam desses animais.
A análise global selecionou os 73 estudos mais completos realizados nos últimos 30 anos para avaliar a redução dos insetos. A maioria dos levantamentos foi realizada em países no oeste da Europa e nos Estados Unidos, além do Brasil, Austrália, China e África do Sul. Há poucos estudos sobre a redução das espécies de insetos em outras regiões.
ZAP // DW
A “Monsatan” é das principais responsáveis por este comboio desgovernado. Em nome da ganância, nem se importam com o mundo onde vivem.
Tens razão. É um fartar de pesticidas e agrotóxicos (moro numa zona rural e sei do que falo), e a ganância do ganho a todo o custo pode ter resultados trágicos.