A morte, esta quarta-feira, do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, junta mais um caso à história de suspeitas de assassinatos políticos através de acidentes de avião — um método considerado eficaz devido às dificuldades na investigação e destruição de provas.
A queda após uma explosão do avião que transportava o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e o seu estado-maior, junta mais um caso à longa lista de “acidentes” de aviação que vitimaram políticos e chefes de estado — que o The Guardian resume na sua edição desta quinta-feira.
Historicamente, recorda o jornal britânico, os aviões envolvidos neste tipo de atentados foram abatidos por mísseis, atacados por outras aeronaves, ou destruídos com explosivos a bordo.
Estes métodos foram usados por estados marginais (ou não), adversários políticos domésticos, potências estrangeiras, fações armadas e grupos terroristas.
E a verdade por detrás de muitas destas tragédias permanece obscurecida por ambiguidades ou classificada como teorias da conspiração.
Entre as tragédias mais notáveis está a queda, em 1994, de um avião que transportava o presidente do Ruanda, Juvénal Habyarimana, que levou ao genocídio ruandês.
Em 1961, um acidente de aviação matou o economista e diplomata sueco Dag Hammarskjöld, segundo Secretário-Geral das Nações Unidas. A ONU demorou cinco décadas a reconhecer que tinha havido uma segunda aeronave envolvida no acidente.
Em 1980, o primeiro-ministro português, Francisco Sá Carneiro, e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, morreram num acidente suspeito em Camarate, nos arredores de Lisboa. Um inquérito posterior, recorda o The Guardian, concluiu que a aeronave tinha sido sabotada.
Rumores e implicações políticas estão frequentemente ligadas a estes incidentes. Em 1971, o corpo de Lin Biao, putativo herdeiro do histórico líder chinês Mao Zedong, foi recuperado dos destroços de uma aeronave que se despenhou na Mongólia.
Em 1987, um episódio invulgar envolveu o então primeiro-ministro do Líbano, Rashid Karami, durante uma viagem de helicóptero. Uma pequena bomba, colocada no seu assento, explodiu durante o voo, assassinado o governante. Mas o helicóptero não se despenhou.
Estes incidentes marcam uma tendência alarmante de usar acidentes de avião como método de assassinato. Os meios variam, mas os resultados permanecem muitas vezes os mesmos: morte, destruição e questões por responder sobre a autoria dos atentados.
Mas, a confirmar-se a ideia de que Yevgeny Prigozhin foi vítima de “assassinato por acidente de avião”, este é um caso que foge à norma nas intrigas políticas na Rússia, que tem privilegiado os envenenamentos — ou as misteriosas quedas de varandas — como meio preferencial de afastamento de concorrentes.