Uma das mais recentes curtas-metragens da Pixar é mais para adultos do que para crianças, ao contrário do que é habitual nos filmes da empresa de animação da Walt Disney. “Purl” é uma lição sobre a discriminação das mulheres no mundo do trabalho.
Lançada directamente na Internet no início deste mês de Fevereiro, “Purl” já conta com quase 5 milhões de visualizações.
A curta-metragem foi desenvolvida ao abrigo de um projecto experimental da Pixar que visa promover a descoberta de jovens talentos entre os seus funcionários. O projecto SparkShorts é definido pela empresa como uma iniciativa “experimental de contar histórias” e a realizadora de “Purl”, Kristen Lester, conta aquilo que viveu enquanto mulher num emprego dominado por homens.
A animação centra-se na figura de um novelo de lã cor-de-rosa, que pretende ilustrar uma mulher, que chega a um novo emprego, numa empresa financeira onde só há homens a trabalhar.
A história desenrola-se com “Purl” a tentar encaixar-se no contexto laboral, mostrando como a integração no mercado de trabalho pode revelar-se difícil para as mulheres em certas áreas profissionais habitualmente dominadas por homens.
Perante um ambiente discriminador e onde ela surge como a minoria, com um aspecto e interesses diferentes da maioria, a estratégia que “Purl” encontra é tornar-se parecida com os seus colegas de trabalho, perdendo a sua identidade. Além do aspecto visual, que muda com recurso aos seus novelos de lã e a agulhas de tricotar, altera a personalidade, passando a contar anedotas machistas e a comportar como os seus colegas.
A realizadora da curta, Kristen Lester, explica que se inspirou na sua própria experiência quando “era a única mulher no escritório” no seu primeiro emprego. “Para fazer aquilo de que gostava, quase que me tornei um daqueles homens”, lamenta, notando que “apagou” deliberadamente o seu “lado feminino” para se integrar.
O projecto SparkShorts pretende dar “uma oportunidade para que os artistas mostrem novas ideias através de pequenos projectos”, explica o presidente da Pixar, Jim Morris. A ideia é que os melhores possam “saltar” para o primeiro plano da empresa e, quem sabe, assumir uma longa metragem.
