Ziguezagues e cargos. Críticos querem salvar BE da dissolução e arrasam direção de Mortágua

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Hugo Delgado / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua

Críticos da atual direção do BE afirmam que querem salvar o partido da “dissolução política” e apontam falhas de democracia interna, num documento alternativo subscrito por alguns elementos que integravam a lista apresentada por Mariana Mortágua à Mesa Nacional.

Estas críticas constam de um documento global alternativo àquele que foi apresentado pela Comissão Política do BE e que será discutido na V Conferência Nacional do partido, que decorre no próximo fim de semana, no Porto.

No texto é defendido que “as sucessivas derrotas que levaram o Bloco de um peso eleitoral de cerca de 10% para os atuais 4%, de um grupo parlamentar de 19 para cinco deputados” foram resultado de “erros de estratégia política eleitoral centrada na contabilização de possíveis mandatos” como a “sugestão de possíveis cargos do Bloco em futuros governos” ou no “namoro a posições social-democratas em campanhas eleitorais”.

Na opinião destes subscritores, faltou também a apresentação de “propostas que configurassem verdadeiras alternativas ao PS e PCP”.

Este documento é assinado por vários elementos que integravam a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional do partido – órgão máximo entre convenções – alguns deles eleitos, como é o caso dos dirigentes Adelino Fortunato (que também integra a Comissão Política), Alexandra Vieira (antiga deputada), Helena Figueiredo e José Manuel Boavida.

O antigo deputado à Assembleia da República Heitor de Sousa também subscreve a proposta alternativa, que defende que desde o fim da ‘geringonça’, o BE “entrou em trajetória de declínio” e que os impactos desta solução governativa realçaram “a fragilidade ideológica do partido” e acentuaram a sua “dimensão social-democrata”.

“Os ziguezagues de orientação política acabaram por o isolar e empurrar para o atual modelo de «movimento dos movimentos», onde se resvala amiúde para abdicar de defender posições políticas próprias, em nome de um suposto apartidarismo dos movimentos, o que o conduz à dissolução política”, defendem.

Estes críticos apontam que “quer o debate interno, e com outras vozes na esquerda, quer a militância, têm sido substituídos por centralização de decisões em torno de um pequeno grupo que circula entre S. Bento e a Rua da Palma, sem ligação nem às estruturas do Bloco, nem à sociedade”.

Na visão destes bloquistas, o modelo atual do partido “está esgotado, tanto no plano político como organizativo”, “as viragens não explicadas de orientação e a prática interna dominante apontam para a decadência e para a degenerescência” e “já há sinais disso” com uma “organização desmotivada, desmobilizada, sem atividade”.

“O Bloco, hoje, parece ser apenas um pequeno grupo que toma todas as decisões sem ouvir, nem prestar contas aos militantes. O modelo parece ser mais o de influenciadores das redes sociais do que de um partido democrático”, criticam.

No texto, é proposta a apresentação de listas próprias às eleições autárquicas, que devem incorporar independentes sempre que possível. A intenção de assegurar lugares já conquistados a nível autárquico, “não se deve sobrepor à lógica do combate político mais geral, não só contra a direita, mas também contra as políticas erradas do PS e do PCP”, é alertado.

Por considerarem que a Conferência Nacional não tem competência para alterar a linha política do partido, os eleitos à Mesa Nacional pela lista E, opositora à lista de Mariana Mortágua, não apresentaram uma proposta alternativa à da Comissão Política.

Contudo, alguns desses bloquistas, nomeadamente o antigo deputado Pedro Soares, que foi o rosto da lista opositora na última convenção, assinam textos que serão debatidos no Porto.

Num desses textos, subscrito por Pedro Soares e Diogo Borges, é defendido que o BE “caminha para um pequeno partido «de eleitores»”, “tem vindo a perder contacto com a realidade”, “privilegia o parlamentarismo, afunda-se em manobras táticas, aliena a democracia interna e a participação, não tem capilaridade a partir da base”.

“Continuar por esse caminho é prosseguir com o ciclo das derrotas”, avisam.

// Lusa

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12 Comments

  1. O BE devia ser dissolvido ou mudar de nome. Porque não se identifica em nada com o que era o BE ou que trazia positivo ou negativo para a política portuguesa. Hoje em dia o BE nem sabe o que é um português ou quais são os seus problemas e dificuldades, vive preocupada com os problemas a 4860 Km e com modas criadas nas redes sociais.

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  2. Não passa de um partido radical, que espalha ódio e desordem por onde anda! Representam tudo o que o Ser Humano tem de mais detestável, um bando de radicais anti-Portugal, anti-cultura nacional, anti-História, apenas defensor de estrangeiros e de tudo quanto ofenda o cidadão comum, sobretudo, aqueles cujos ascendentes deram o seu sangue e vida em prol desta antiga nação. Se desaparecerem, ninguém sentirá falta ou terá saudades.

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  3. O BE é vítima de fantasias e folclore ideológicos. A mania de fracionar os direitos humanos em direitos das mulheres, dos homosexuais, dos transsexuais, dos idosos, das crianças, das minorias étnicas, etc., como se os direitos de qualquer desses subgrupos fosse diferente dos direitos de qualquer um de nós, vai acabar por matar o BE. Ser de esquerda é muito mais simples do que os dirigentes do BE pensam, e por isso devem focar a atenção no que é essencial e deixarem-se de fantasias. Se não perceberem isto vão desaparecer. E se desaparecerem é porque não fazem cá nenhuma falta.

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    • Desta vez acho que o Nuno Cardoso da Silva esteve muito bem neste seu comentário. Parabéns. É dessa lucidez que precisamos. Quanto ao BE vai a caminho da ribanceira. A tipa que o está a comandar/destruir é um horror de criatura. Só olhar para a cara desta farroupilha já mete dó. É uma cara de ódio que até parece que mata gente.

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  4. Sim. A maioria das pessoas de esquerda, são verdadeiras democratas e não se reveem em radicalistas como esta Sra Mortágua.

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  5. Lembram-se da UDP que foi andando e depois desapareceu? Este “bando” do BE está também em vias de extinção. Para este ultra-radicalismo feroz, a filha do assaltante-mor melhor que ninguém pode levar a cabo este desiderato de fechar a porta pela última vez.

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  6. O BE é um filho do PCP, um filho pior que o pai mas que apenas se esconde sobre uma capa mais moderna. Mas todo o mal lá se encontra enraizado e ainda mais profundamente. Tal como o PCP estará reservado ao desaparecimento, alguns ratos já começaram a abandonar o navio aí contrário do pai PCP que irá afundar com todos a bordo. Nada se perderá com estes desaparecimentos pelo contrário a democracia ganhará

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  7. Não há solução para o bloco, 1º pq a líder, supostamente (como se diz agora, para evitar chatices) é fufa e filha de assaltante.
    2º pq se aliou aos lóbis da paneleiragem e gere animalescamente os movimentos de “género”.
    3º pq de 10% para 4% é só ver a percentagem de descida e calcular.

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