A forma como vemos o Cristianismo romano acaba de mudar

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(dr) Douglas Boin

Investigadores descobriram um antigo templo romano debaixo de um parque de estacionamento na comuna de Spello, em Itália, revelando detalhes sobre a transição das tradições pagãs para o Cristianismo no Império Romano.

Douglas Boin, da Universidade de Saint Louis, anunciou a descoberta, sublinhando o seu potencial para reformular a nossa compreensão da mudança cultural durante o final do Império Romano.

O templo, datado do século IV d.C., parece pertencer ao período do imperador Constantino, o primeiro governante romano a adotar o Cristianismo. A descoberta desafia a narrativa convencional de uma conversão súbita ao Cristianismo, realçando a transformação gradual das práticas religiosas durante esta época.

A viagem até ao templo começou com uma pista do próprio Imperador Constantino.

Uma carta encontrada século XVIII, atribuída ao imperador, ordenava ao povo de Spello que construísse um templo em honra dos antepassados de Constantino e que os venerasse.

A descoberta proporcionou aos investigadores uma oportunidade única de explorar a ligação entre o mundo pagão clássico e a sociedade cristã emergente.

“Mostra as continuidades entre o mundo pagão clássico e o mundo romano cristão primitivo, que muitas vezes são esbatidas ou eliminadas das grandes narrativas históricas”, disse Boin, citado pela Cosmos Magazine.

A inscrição que faz referência ao templo sugere uma continuidade religiosa significativa entre a prática do culto imperial tardio e a ascensão do Cristianismo.

Esta revelação arqueológica apoia a noção de uma mudança gradual e não de uma transformação abrupta. Apesar de Constantino ter adotado o Cristianismo, governantes posteriores, como Juliano, rejeitaram-no explicitamente. O cristianismo só se tornou a religião oficial de Roma em 380 d.C., mais de 40 anos após a morte de Constantino.

Boin vê o templo como um símbolo de culto aos antepassados divinos de Constantino num ambiente cada vez mais cristão, marcando um período de mudança cultural.

ZAP //

3 Comments

  1. Evidentemente que a carta de Constantino, que viveu no século IV, não é do século XVIII. Foi encontrada no século XVIII, isso sim.

  2. Este assunto não é novo e tem um caso no território português e está musealizado. É o templo cristão dedicado a Santa Luzia em Santa Bárbaro dos Padrões, por debaixo da qual estava um templo romano dedicado à deusa romana protectora dos olhos e de onde se recolheram milhares de lucernas que fazem parte hoje do Museu das Lucernas em Castro Verde, inaugurado em 2004 (descoberta arqueológica de 1994. Santa Luzia de Siracusa é uma mártir do século IV. A cota negativa estava o depósito das lucernas votivas pertencentes a um santuário romano anterior.

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