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Vêm aí as primeiras recomendações sobre a covid longa

Ainda não há exame de diagnóstico para esta doença. Primeira conferência internacional vai realizar-se em Portugal.

Os especialistas que se vão reunir na primeira conferência internacional sobre ‘long-covid’ pretendem começar em Lisboa a delinear um conjunto de recomendações para esta doença, para a qual ainda não há um exame de diagnóstico.

“O que nós vamos procurar, no dia a seguir à conferência, é reunir um grupo ainda mais pequeno com os colegas estrangeiros que vão cá estar (…) num pequeno comité para ver se fazemos umas ‘guidelines’ acerca desta situação”, disse à agência Lusa o reumatologista Jaime Branco, um dos organizadores do encontro internacional que vai decorrer nos dias 02 e 03 de abril, em Lisboa.

O especialista lembrou que não há um exame específico que faça o diagnóstico desta condição, explicando que tal acontece por exclusão de partes: “É um diagnóstico eminentemente clínico, afastando outras situações ou doenças que possam causar os mesmos sintomas”.

Salientou que a relação entre as infeções e condições como a fadiga crónica, confusão mental e dificuldade de concentração, existe há muito, mas “foi menosprezada”.

Jaime Branco reconheceu que a pandemia de covid-19, que infetou milhões de pessoas, acabou por fazer aumentar também o número de doentes que permanecem com sintomas que hoje estão incluídos na chamada condição pós-covid-19.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou em 2022 uma norma para definir linhas orientadoras de diagnóstico e de abordagem clínica da condição pós-covid-19, que pode interferir na qualidade de vida e capacidade funcional das pessoas afetadas.

Também conhecida como ‘long covid’, a condição pós-covid-19 é definida pelo espetro de sintomas que ocorrem em pessoas com infeção provável ou confirmada pelo coronavírus SARS-CoV-2, habitualmente três meses após o início da fase aguda da infeção e com pelo menos dois meses de duração.

Entre os sintomas mais frequentes na condição pós-covid-19 está, segundo esta norma, a fadiga, dispneia (falta de ar), alterações do olfato e do paladar, depressão e ansiedade e disfunção cognitiva.

À Lusa, Jaime Branco reconheceu que tem doentes com incapacidades física e cognitiva: “apresentam alterações de memória, de atenção, de concentração, muito incapacitantes”.

Sobre a necessidade de um eventual programa nacional para dar resposta a estas pessoas, disse que “depende do número de pandemias que viermos a ter”.

“Aquilo que se espera é que elas possam repetir-se agora não com a frequência que felizmente tínhamos antes, mas, infelizmente, por variados motivos, de uma forma mais frequente”, afirmou.

Se isso acontecer – prosseguiu – “o número de pessoas que vão desenvolver este tipo de doença pós viral (…) vai com certeza aumentar”.

“Neste momento temos este problema e devemos aproveitá-lo para aprender com ele e para estarmos preparados, não só para ajudarmos estes doentes, como para podermos ajudar melhor os próximos casos”, acrescentou.

A primeira conferência internacional sobre ‘long-covid’ e a sua relação com doenças como a síndrome de fadiga crónica vai decorrer nos dias 3 e 4 de abril, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em Lisboa.

O encontro pretende aumentar a visibilidade, clarificar conceitos, promover a compreensão e estimular a discussão entre profissionais de saúde, investigadores, decisores políticos, pacientes e representantes da comunidade sobre as manifestações clínicas, a sua gestão, as opções terapêuticas e os desafios para a saúde ligados à encefalomielite miálgica / síndrome de fadiga crónica e à ‘long covid’.

Os organizadores lembram que a incidência da encefalomielite miálgica / síndrome de fadiga crónica continua a aumentar a nível global, sobretudo no rescaldo da síndrome respiratória aguda grave por coronavírus (SARS-CoV-2) e pela ‘long covid’, realçando a necessidade de diagnóstico e tratamento adequados.

// Lusa

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