PSD convidou Mira Amaral, provavelmente para procurar inspiração para vitórias eleitorais. Mas Francisco Assis não vê o PSD como inimigo.
Mira Amaral foi um dos convidados para jornadas parlamentares do PSD e, nesta segunda-feira, deixou palavras fortes sobre o Governo atual.
“Este primeiro-ministro e este PS não são sociais-democratas; são luso-comunistas“, avisou o antigo ministro, que voltou aos tempos do Processo Revolucionário Em Curso (PREC) para justificar a acusação.
“A luta é do comunismo estalinista do PCP e aqueles que lhe incutiu o comunismo, mas no contexto da democracia liberal em que nós vivíamos. É nesse sentido que eu chamei a este primeiro-ministro e a este PS luso-comunista, uma mistura entre o eurocomunismo à italiana e o socialismo bolivariano à venezuelana“, explicou.
“Este tipo de partidos toma o poder por eleições, mas tenta perpetuar-se no poder através do controlo da administração pública, da justiça, das Forças Armadas ou da comunicação social“, continuou.
E, nessa sequência, deixou um apelo aos militantes do PSD: “Meus caros amigos, vocês têm uma responsabilidade muito grande de tentar evitar a mexicanização do regime e tentar dar uma volta a isto”.
Sobre o Orçamento de Estado “muito habilidoso”, novo aviso forte: “Não vamos sair desta estagnação. Ponham mais duas ou três bazucas em cima e não resolvemos o problema. O problema português não é financeiro, é um problema de vontade política de fazer as transformações estruturais que é preciso fazer”.
Depois, comparações entre António Costa e Pedro Nuno Santos: “O primeiro-ministro é muito mais pragmático e percebe a importância dos fundos europeus no país. Ambos gostam muito do PCP, o Pedro Nuno Santos tem paciência para aturar o Bloco de Esquerda e o primeiro-ministro não”.
Mira Amaral foi ministro do Trabalho, da Indústria e Energia nos governos do PSD liderados por Cavaco Silva – líder de (outras) maiorias absolutas.
Como sugere a rádio TSF, o PSD convidou Mira Amaral à procura de inspiração para eventuais vitórias eleitorais.
PSD não é inimigo
No mesmo evento, o antigo dirigente do PS e presidente do CES, Francisco Assis, disse não excluir voltar a travar “algum combate político” com o PSD, mas assegurou que nunca verá este partido como inimigo, apelando aos entendimentos entre democratas.
“Falo todos os dias com empresários, sindicalistas e todas essas pessoas o que esperam dos grandes partidos políticos é que estejam à altura das suas responsabilidades. Estou convencido que o PSD saberá sempre estar altura das suas responsabilidades e que Portugal precisa de um PSD forte“, defendeu, apelando à colaboração dos sociais-democratas em matérias como a saúde, educação, combate à pobreza, reforma fiscal ou imigração.
O presidente do Conselho Económico e Social (CES) foi o orador convidado do jantar-conferência das jornadas parlamentares do PSD e alertou para “o grande risco de os democratas derrotarem a democracia, se não forem capaz de entender que há determinados princípios constitucionais que os unem e determinados distanciamentos que são negativos”.
“Passamos a vida a salientar o risco de sermos derrotamos pelos extremistas contrários à democracia. Estou convencido que não há nenhum risco de os antidemocratas derrotarem a democracia”, disse.
Francisco Assis recordou várias disputas que travou com a bancada do PSD quando era deputado e líder parlamentar do PS, e deixou um compromisso quanto ao seu futuro político.
“Sendo certo que é de excluir que as volte a travar aqui no parlamento — porque não tenciono regressar — não é de excluir que algum dia possa ter de travar de novo algum combate político com o PSD, não é de excluir que nos voltemos a encontrar como adversários. Mas há uma coisa que nunca sou, nunca fui, nem nunca serei que é inimigo do PSD“, disse, apontando este partido, tal como o CDS-PP, como “estruturante da vida democrática”.
Assis avisou que não falaria do Orçamento do Estado, o tema central das jornadas do PSD, mas deixou críticas em várias áreas da governação, e acabou mesmo por comentar a redução do IRS prevista na proposta orçamental do Governo e pretendida também pelos sociais-democratas.
“Os dois grandes partidos políticos, mesmo não se entendendo, acabaram por se entender”, concluiu.
Várias vezes aplaudido pelos deputados sociais-democratas, Assis defendeu — tal como o presidente do PSD, Luís Montenegro, já fez publicamente — um debate sobre reformas fiscais, mas separado do momento orçamental, que considera “inquinar e prejudicar” a discussão.
O presidente do CES apelou, por outro lado, a que também se desliguem do momento orçamental os grandes acordos na concertação social — sem dizer que tal aconteceu no atual e anterior Orçamento -, pedindo mudanças nesta área.
Assis defendeu ainda que temas como a produtividade, o crescimento económico ou o combate à pobreza sejam discutidos “sem dogmatismo” e admitiu que, “em termos relativos, há um ligeiro empobrecimento em alguns setores da sociedade portuguesa”.
“Não pode haver trabalhadores pobres, um trabalhador pobre é um revoltado”, disse, frisando que “a sensibilidade social não é património exclusivo” do espaço socialista.
O antigo dirigente socialista pediu também reformas no Estado social, admitindo que na saúde os problemas não são “de dinheiro, mas de gestão e organização” — “o país precisa do PSD a participar ativamente nesse debate” — e avisou que, se neste setor os efeitos trágicos se notam “no próprio dia”, na educação “notam-se passados 10 ou 15 anos”.
ZAP // Lusa
Infelizmente não está longe da verdade….
De políticos o que se poderia esperar mesmo?
Mexicanização nessa república das bananas que é o portugalex há décadas? Os governos e presidentes só sabem dizer yes a Bruxelas. Talvez deveria dizer república da cortiça ou do bagaço.