Coreia do Sul tem novo presidente (que já tem um problema em mãos)

Ahn Young-joon / POOL / EPA

Novo presidente tem em mãos a conturbada moderação entre os EUA e a China, no meio de uma guerra comercial que afeta o seu país.

O novo presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, iniciou oficialmente seu mandato de cinco anos hoje, logo após a Comissão Nacional de Eleições do país confirmar sua vitória nas eleições presidenciais de terça-feira.

Uma vez que a cúpula do Estado estava vazia desde a deposição de Yoon Suk Yeol, Lee Jae-myung tomou posse imediatamente após a certificação da sua vitória, sem o habitual período de transição entre dois líderes.

Antigo operário fabril, com 60 anos, Lee Jae-myung venceu as eleições com 49,42% dos votos contra 41,15% do seu opositor de direita, o conservador Kim Moon-soo, de acordo com os resultados finais publicados pela Comissão. Kim admitiu a derrota e felicitou Lee durante a noite.

Lee assume o comando de um país ultra-polarizado, cuja economia foi enfraquecida pelas guerras comerciais globais declaradas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Um desafio chamado Trump

O novo Presidente terá agora de definir o lugar da Coreia do Sul no confronto entre a China, o seu maior parceiro comercial, e os Estados Unidos, o garante tradicional da segurança do país.

O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, felicitou o novo chefe de Estado num comunicado de imprensa, referindo-se à aliança “inquebrável” Seul-Washington.

Mas a guerra comercial iniciada por Trump é o grande desafio a enfrentar por Lee Jae-myung. De acordo com a BBC, os sul-coreanos viram-se em apuros quando Trump impôs tarifas de 25% sobre todas as importações sul-coreanas em abril, depois de já ter atingido o país com tarifas agressivas sobre as suas principais indústrias — aço e automóveis.

A chegada ao poder de Lee, cujo Partido Democrático dispõe de uma ampla maioria no Parlamento, restabelece a normalidade institucional num país que ainda se ressente dos seis meses de caos político que se seguiram à tentativa de golpe de Estado de Yoon Suk Yeol.

Na noite de 3 para 4 de dezembro de 2024, o antigo presidente de direita, cujas iniciativas eram bloqueadas por uma Assembleia Nacional hostil, decretou subitamente a lei marcial, tendo voltado atrás algumas horas mais tarde, sob a pressão do Parlamento e de milhares de manifestantes.

Em consequência, foi destituído do cargo e acusado de “insurreição”, um crime capital pelo qual está atualmente a ser julgado. Desde a sua suspensão, em dezembro, tem havido uma sucessão sem precedentes de presidentes interinos.

É expectável que Lee reforce agora os mecanismos de controlo institucional por forma a garantir uma maior responsabilização dos funcionários eleitos, criando medidas que impeçam a repetição do caos vivido pelo país nos últimos seis meses.

Para além das ameaças externas aos principais motores da economia sul-coreana, outro dos grandes desafios internos que Lee e as futuras lideranças do país enfrentam é o da taxa de natalidade, atualmente a mais baixa do mundo. Lee recebe nas mãos uma bomba demográfica que ameaça reduzir para metade a população do país até 2100.

No plano externo, para além dos direitos aduaneiros dos Estados e da China, Lee Jae-myung terá também de lidar com o seu vizinho norte-coreano, com quem as relações atravessaram um período de extrema tensão durante a presidência de Yoon, e que é um apóstolo da linha dura contra Pyongyang.

ZAP // Lusa

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