Uma bolsa plástica que imita o útero foi usada para ajudar no desenvolvimento de cordeiros que nasceram prematuros. Este sistema poderá ser utilizado em fetos humanos, segundo os cientistas.
“Desenvolvemos um sistema que, de forma mais parecida possível, reproduz o ambiente do útero e substitui a função da placenta”, diz o cientista Alen Flake, do Hospital Infantil da Filadélfia (EUA).
O sistema foi desenvolvido com o objetivo de ser utilizado em humanos, visto que o nascimento prematuro é uma das principais causas de mortes em bebés.
“Os bebés que nascem entre as 22 e as 24 semanas de gestação tem apenas 10% de probabilidades de sobreviver. Aqueles que sobrevivem ficam muito vulneráveis a infeções nas incubadoras e podem ter graves problemas de visão e audição”, destacou Flake.
Bolsa de fluidos
Os cientistas ligaram aparelhos de oxigenação ao cordão umbilical do cordeiro e, em vez de simplesmente bombear oxigénio para os fetos, o sistema usa os próprios batimentos cardíacos do filhote para movimentar o sangue.
Segundo os especialistas, este sistema de oxigenação deverá ser menos prejudicial para os bebés do que aqueles que são usados atualmente em incubadoras e que podem danificar os pulmões dos prematuros.
Nos testes com a bolsa plástica que imita o útero, a equipa usou oito cordeiros com 15 a 17 semanas de gestação, sendo que a gestação normal da espécie é de 21 semanas. Os animais foram removidos por cesariana, colocados nas bolsas e monitorizados.
Os fetos foram mantidos nas bolsas durante quatro semanas e, de acordo com os cientistas, tiveram um desenvolvimento saudável, sem anormalidades no cérebro ou nos pulmões. A maioria foi sujeita a eutanásia, mas alguns dos animais “nasceram” e foram removidos das bolsas, sendo que o cordeiro mais velho já tem um ano.
Os cientistas estão a trabalhar com o FDA (Food and Drug Administration) e pretendem utilizar a técnica em fetos de 24 semanas, para que se desenvolvam até às 28 semanas, quando as hipóteses de sobrevivência são maiores.
O especialista Mark Turner, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, alerta que qualquer novo tratamento que envolva prematuros deve ser muito bem estudado antes de ser testado em humanos.
ZAP // Hypescience