Congelar esperma é um ato patriótico para os soldados ucranianos

Oleg Petrasyuk / EPA

Mais do que uma questão pessoal, a preservação do esperma é uma questão patriótica para os soldados ucranianos que partem para guerra.

Centenas de soldados ucranianos congelam o seu esperma antes de partirem para a guerra. A ideia é se caso morrerem, a linhagem da sua família ainda poderá prosseguir.

Foi isto que aconteceu com Vitali Kirkatch-Antonenko, que morreu na linha da frente da guerra. “Vitali será o pai de todos os nossos futuros filhos”, diz a sua viúva, Natalia, em declarações ao The New York Times.

Para muitos ucranianos, a ideia de preservar o esperma de soldados não é meramente uma questão pessoal, mas também patriótica. É um ato de resistência e de consolo e esperança para as parceiras. É a forma de ucranianos baterem o pé e mostrarem que não são um povo ficcional, tal como o Kremlin tenta vender.

O Parlamento está até a discutir um projeto de lei que permitirá aos soldados congelarem o seu esperma sem qualquer custo, num processo financiado pelo Estado. Até ser aprovado, várias clínicas já oferecem o serviço gratuitamente.

Natalia Kirkatch-Antonenko tornou-se uma espécie de porta-voz da causa. As notícias já chegaram à Rússia, onde este ato de resistência não é visto com bons olhos por alguns.

A jornalista pró-Kremlin, Olga Skabeeva, disse recentemente na televisão estatal russa que o facto de soldados congelarem o seu esperma equivale a “experiências genéticas para construir uma nação”. Na ótica de alguns russos, a Ucrânia não é um país.

Não se sabe ao certo quantos soldados ucranianos já congelaram o esperma, embora os pedidos para realizar esse procedimento estejam a aumentar em clínicas por todo o país.

“Acho que é uma oportunidade muito importante no futuro se uma mulher perder o seu ente querido”, disse Anna Sokurenko, parceira do soldado ucraniano Vitalii Khroniuk. “Entendo que será difícil recuperar disto, mas dará sentido para continuar a lutar, para continuar a viver”.

ZAP //

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