Uma nova investigação sugere que a herança genética dos cananeus sobrevive em muitos dos judeus e árabes modernos.
A equipa de cientistas extraiu ADN antigo de ossos de 73 indivíduos que foram enterrados ao longo de 1.500 aos em cinco locais cananeus espalhados tanto por Israel como pela Jordânia, levando ainda em consideração dados de mais 20 indivíduos de quatro sítios previamente conhecidos.
Liran Carmel, evolucionista molecular da Universidade Hebraica de Herusalém, explicou que todos os indivíduos apresentavam “semelhanças genéticas enormes“, o que significa que, apesar de os cananeus terem vivido em cidades-estado longínquas e de nunca se terem juntado a um império, partilhavam genes e uma cultura comum.
A equipa comparou o ADN antigo com o de populações modernas e descobriu que a maioria dos grupos árabes e judeus da região deve mais de metade do seu ADN aos cananeus e a outros povos que viveram no Próximo Oriente Antigo, uma região que abrange grande parte do moderno Levante, o Cáucaso e o Irão.
Os cananeus residiam na atual Israel, Palestina, Líbano, Jordânia e partes da Síria. São considerados “povos malditos”, descritos como imorais, adoradores de falsos ídolos e capazes até de sacrificarem crianças no livro sagrado.
Este novo estudo, publicado na Cell, prova que, apesar da dispersão, o povo manteve-se como um grupo demograficamente coerente. “Observamos movimentos constantes de pessoas durante longos períodos de tempo do nordeste do Antigo Oriente Próximo, incluindo Geórgia, Arménia e Azerbaijão para a região do Levante Sul”, disse Carmel.
Os cananeus são um grupo claro. De acordo com os cientistas, citados pelo EuropaPress, “geneticamente, os cananeus são mais parecidos uns com os outros do que outros grupos da região”.
Os dados sugerem que os cananeus descendiam de uma mistura de populações de ancestrais iranianos/caucasianos ao longo do tempo, uma teoria que é apoiada pelo ADN de três indivíduos que são descendentes de recém-chegados do Cáucaso.
“A força da migração do nordeste do Antigo Oriente Próximo, e o facto de essa migração se ter prolongado por muitos séculos, pode ajudar a explicar por que os governantes das cidades-Estados em Canaã, na Idade do Bronze, carregam nomes não semitas, mas, sim, hurrianos”, explicou Shai Carmi, da Universidade Hebraica de Jerusalém.
“Havia conexões fortes e ativas entre essas regiões através de movimentos de pessoas que ajudam a entender os elementos partilhados da cultura”, acrescentou.