A poluição química provocada por metais pode estar a distorcer a proporção sexual das tartarugas-marinhas, na costa nordeste da Austrália. É o agravar de um enviesamento que tem vindo a ser fortemente influenciado pelas alterações climáticas.
A poluição química está a contribuir para um desequilíbrio significativo na proporção de sexos das tartarugas-marinhas, colocando em risco a sua sobrevivência.
Esta calamidade tem sido particularmente evidente nas tartarugas verdes do norte da Grande Barreira de Coral Australiana, onde, de acordo com a New Scientist, 99% das crias recentes têm sido fêmeas.
Um estudo publicado esta segunda-feira na Frontiers, levado a cabo por uma equipa de cientistas da Griffith University (Austrália), descobriu que é a poluição das praias que está a impulsionar este “viés sexual” nas tartarugas verdes.
O estudo envolveu a recolha e análise de 17 ninhadas de ovos de tartaruga da Ilha de Heron naquela região.
Os resultados mostraram uma distribuição de sexo inesperada: 11 ninhadas tinham mais fêmeas do que as condições de temperatura previam; três tinham mais machos; e apenas duas tinham as proporções ditas “normais/esperadas”.
O grupo de 11 ninhadas com mais fêmeas do que o previsto tinham níveis mais elevados de metais pesados – como cobalto, chumbo e antimónio -, sugerindo uma ligação entre a poluição química e a determinação do sexo das tartarugas.
Arthur Barraza, líder da investigação, explicou, citado pela New Scientist, que esse tipo de metais – resultantes de atividades industriais – “podem ligar-se a recetores de estrogénio e desencadear o desenvolvimento de tartarugas fêmeas“.
Apesar de a correlação entre a poluição química e o enviesamento do sexo desta espécie ser evidente, (ainda) não é capaz de, conclusivamente, tal causalidade.
Espera-se que a relação que o estudo constatou – entre a poluição química e o enviesamento do sexo desta espécie – venha ajudar os esforços de conservação das tartarugas-marinhas australianas – que, tal como outros seres, continua a ser ameaçadas e afetadas pela poluição ambiental.
“A poluição humana afeta tartarugas e vida selvagem de formas que talvez as pessoas não imaginam”, lamentou Arthur Bazarra.