Os gatos comunicam numa linguagem que vai para além do audível. Um estudo recente revela um fator inesperado na sua comunicação: as bactérias que residem nas suas glândulas anais.
Em todo o reino animal, o cheiro desempenha um papel fundamental na comunicação. Serve vários objetivos, desde a marcação de territórios até à sinalização da prontidão para o acasalamento e à expressão de emoções como o medo ou a agressão.
Os investigadores realizaram uma investigação exaustiva das secreções das glândulas anais de 23 gatos domésticos, utilizando técnicas avançadas como a sequenciação do ADN, a espetrometria de massa e a cultura microbiana.
O objetivo era desvendar a composição química destas secreções e identificar os micróbios responsáveis pela sua produção.
O estudo revelou um microbioma altamente variável nas glândulas anais dos gatos, principalmente com géneros bacterianos como Corynebacterium, Bacteroides, Proteus, Lactobacillus e Streptococcus.
Nomeadamente, os gatos mais velhos apresentavam um microbioma diferente em comparação com os mais jovens, demonstrando o impacto da idade na diversidade microbiana.
Embora tenham sido observadas variações em gatos obesos, o tamanho da amostra limitou conclusões definitivas, sublinha o site Earth.com.
Uma descoberta intrigante foi que os gatos com acesso ao exterior apresentaram funções distintas do microbioma em comparação com os gatos que vivem apenas no interior.
Embora o estudo tenha sugerido possíveis correlações com a exposição a parasitas e a estimulação mental, a ligação exacta permanece pouco clara.
A complexidade dos perfis do microbioma da glândula anal também levou à consideração de factores adicionais, como a pele perianal e o reto, como potenciais fontes de variação.
A análise química das secreções da glândula anal revelou a presença de centenas de compostos orgânicos. A análise genética indicou que as bactérias presentes nas glândulas anais eram responsáveis pela produção destes compostos, formando a base dos odores únicos dos gatos.
O estudo foi recentemente publicado na revista Scientific Reports.
Embora imperceptíveis para os humanos, estes odores desempenham um papel vital nos comportamentos sociais dos gatos, incluindo a marcação de território, a atração de parceiros e a repulsão de rivais.