Investigadores da Universidade de Ohio programaram um computador para identificar expressões faciais, baseadas em mais de cinco mil fotografias tiradas a 230 voluntários que responderam a frases como “acabou de receber uma notícia inesperada” ou “alguma coisa está a cheirar mal”.
Até à data, o software disponível para analisar expressões faciais conseguia distinguir apenas as seis denominadas “categorias básicas” referentes às emoções – felicidade, surpresa, tristeza, medo, raiva e nojo. Qualquer pessoa consegue! Mas quando se está perante expressões mais complexas, como “surpresa feliz” (numa tradução livre do inglês), torna-se, para nós, mais complicado.
Mas não para este computador, o qual consegue, aliás, decifrar 21 emoções compostas, obtidas através da combinação de duas emoções de base.
Ao analisarem meticulosamente os milhares de retratos obtidos, os cientistas concluíram que existem apenas pequenas variações relativamente às expressões faciais. Ou seja, quase toda a gente usa os mesmos músculos para expressar “felicidade”, mas também para mostrar “surpresa feliz”.
Para chegarem a esta conclusão, os investigadores da universidade americana recorreram a um método desenvolvido, entre outros, pelo especialista das microexpressões faciais, Paul Ekman, que foi também conselheiro científico da série televisiva “Lie to Me”.
Mas esta é apenas uma das partes da utilidade desta investigação – ao usar um computador para analisar expressões faciais, é possível demonstrar que não somos assim tão diferentes. Mas, mais importante que tudo, esta descoberta poderá ser usada para diagnosticar alguns transtornos mentais, como o autismo, a esquizofrenia ou a síndrome pós-traumática.
Pessoas que sofrem destes problemas, reagem, normalmente, de forma diferente a expressões verbais sociais.
Já para não falar de mais um passo dado a favor das máquinas, que agora parecem também conseguir decifrar aquilo que estamos a sentir.
CG, ZAP