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Compensações a descendentes de escravos nos EUA. Políticos “assustados” em todo o mundo

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Lincoln Financial Foundation Collection / Wikimedia

“História da Escravatura”, William Blake (1860)

O parlamento do estado de Nova Iorque, no nordeste dos Estados Unidos, aprovou a criação de uma comissão para avaliar a possibilidade de pagar compensações aos descendentes dos escravos. Políticos em todo o mundo “estão muito assustados”.

O projeto de lei foi aprovado na quinta-feira pelas duas câmaras do parlamento de Nova Iorque, dominado pelos democratas e passa agora para as mãos da governadora Kathy Hochul, também democrata.

“Queremos ter a certeza de que estamos a olhar para a escravatura e o seu legado”, disse a deputada Michaelle Solages antes do debate na câmara baixa, que durou cerca de três horas.

“Trata-se de iniciar o processo de cura das nossas comunidades. Ainda há um trauma geracional que as pessoas estão a enfrentar. Este é apenas um passo em frente,” acrescentou a democrata.

“Estou preocupado por estarmos a abrir uma porta que estava fechada no estado de Nova Iorque há quase 200 anos”, disse o deputado republicano Andy Gooddell, durante o debate.

Gooddell, que votou contra o projeto, disse que apoia os esforços existentes para criar oportunidades iguais para todos e que gostaria de “continuar nesse caminho, em vez de se concentrar em compensações”.

A Califórnia foi o primeiro estado norte-americano a criar, em 2020, uma equipa de trabalho sobre eventuais compensações devido à escravatura.

O grupo recomendou ao estado um pedido formal de desculpas pelo legado de racismo e políticas discriminatórias e a criação de uma agência para fornecer uma ampla gama de serviços a residentes negros, mas não recomendou o pagamento de compensações.

O relatório estimou que a Califórnia seja responsável por compensações no valor de mais de 500 mil milhões de dólares (464 milhões de euros) devido a décadas de excesso de policiamento, encarceramento em massa e discriminação contra famílias negras.

Outros estados norte-americanos que discutiram a possibilidade de pagar compensações devido à escravatura incluem Nova Jersey e Vermont, ambos no nordeste do país, mas nenhum ainda aprovou qualquer legislação nesse sentido.

Evanston, um subúrbio da cidade de Chicago, no estado de Illinois, otornou-se em 2021 a primeira cidade norte-americana a disponibilizar compensações aos residentes negros, através de um projeto habitacional no valor de 10 milhões de dólares (9,3 milhões de euros).

A nível federal, uma proposta para criar uma comissão para estudar eventuais compensações está há décadas paralisada no parlamento dos Estados Unidos.

Políticos “estão muito assustados”

No 25 de Abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que Portugal deve um pedido de desculpa, mas acima de tudo deve assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial.

Temos de assumir o melhor e o pior do que fizemos”, disse então o Presidente da República. Marcelo lembrou que a colonização do Brasil teve “de mau, a exploração dos povos originários, denunciada por António Vieira, a escravatura, o sacrifício do interesse do Brasil e dos brasileiros”.

Em maio, o professor de História Mundial Manuel Barcia, especializado em escravidão no Atlântico, disse à Lusa que o receio de se pagarem eventuais compensações tem impedido Portugal e outros Estados de pedirem desculpa pela escravatura.

“O problema é que, se Portugal pedir desculpas, está a colocar-se numa posição, do ponto de vista legal, em que pode ter que pagar” compensações, sublinha Manuel Barcia em declarações à Lusa, após uma palestra realizada em Macau.

“Os políticos em todas as partes estão muito assustados com isso”, nota o professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, apontando o caso do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que na semana passada se recusou a pedir desculpa pelo papel que o país teve no comércio de escravos.

Um pedido formal de desculpas por parte do Estado português seria “uma coisa mínima depois de tudo o que aconteceu”, defende ainda Barcia.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Sem comentários… Que parvoíce quererem reescrever e alterar a história.
    Daqui a pouco, um pedido de desculpas pelas descoberta do Brasil… Das minas de ouro e diamantes, dos conflitos da ou guerra e… Quiçá até pela perseguição dos cristãos e judeus… Dos muçulmanos nas cruzadas e dos neandertais….

  2. A maior estupidez de sempre! Quem nos compensa a nós portugueses por termos sido escravizados pelos norte-africanos durante séculos? Quem irá pedir o mesmo aos árabes e chineses os povos mais esclavagistas da História? E já agora como irão os africanos compensar o “trauma” pela escravatura feita durante milénios em África – acham que foi invenção europeia? Coitados. Hoje dá-se a palavra aos ignorantes e aos idiotas traumatizados por tudo e um par de botas! Nós além do que já disse, ainda fomos ocupados por uma série de povos, como iremos exigir a compensação do “trauma”! Estes anglo-saxões roçam já o absurdo da irracionalidade! Fizeram a porcaria toda, inclusive contra os p0ovos nativos, agora querem disfarçar de qualquer forma! Só falta um parolo português, há muitos de canudo e tudo vir para aí berrar que teremos de compensar gente que nunca soube o que foi a escravidão e que no Passado remoto também eles a praticaram extensamente, aliás é um fenómeno inerente a todos os povos do Mundo! Espero não ser censurado por indicar factos verídicos e há muito provados. Não sabem disso? Estudem e perguntem aos melhores professores na matéria, foi o que eu fiz.

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