A morte de Alexandre, o Grande, tem sido um mistério de longa data na história e na arqueologia.
Alexandre, o Grande, morreu na madrugada do dia 11 de junho de 323 a.C. na Babilónia, no atual Iraque, aos 32 anos.
Nessa altura, tinha conquistado um império que se estendia desde os Balcãs até à Índia. Este império desmoronou-se pouco depois da sua morte, tendo os seus generais e oficiais dividido o império em diferentes reinos. Mas, afinal, como é que morreu?
Os historiadores Plutarco (46-120 d.C.) e Arriano (88-160 d.C.) disseram que, após uma noite de bebedeira, Alexandre teve uma febre que piorou gradualmente nos dias que antecederam sua morte. Um relato escrito por Diodoro Siculus (que viveu durante o século I a.C.) confirma que Alexandre ficou gravemente doente depois de beber e morreu pouco depois.
Por seu turno, Quintus Curtius Rufus, um escritor que viveu no século I d.C., reitera que Alexandre morreu pouco depois de uma noite de copos. Curiosamente, afirmou que sete dias após a morte de Alexandre, o seu corpo não apresentava sinais de decomposição (parte importante do mistério).
Como aponta a Live Science, o mistério do que matou Alexandre, o Grande, é especialmente difícil porque o seu corpo nunca foi encontrado. Isso significa que há poucas evidências físicas que os cientistas possam estudar para descobrir como ele morreu.
No entanto, recentemente, a ciência tem-se focado na resolução deste mistério.
Síndrome de Guillain-Barré
Num artigo publicado em 2019 na revista Ancient History Bulletin, Katherine Hall, da Escola de Medicina de Dunedin da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, propôs que Alexandre, o Grande, morreu de síndrome de Guillain-Barré.
Este é um distúrbio neurológico no qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca seu sistema nervoso periférico.
Esta doença pode ter deixado Alexandre num coma profundo, que os médicos antigos podem ter confundido com a morte, observou Hall, acrescentando que pode ter sido por isso que o corpo de Alexandre não se decompôs durante tanto tempo.
A investigadora também observou que os relatos escritos por Plutarco e Arriano afirmam que Alexandre estava suficientemente consciente para dar ordens até pouco antes de ficar inconsciente. Este facto é, como referiu a cientista ao Live Science, comum em pessoas que sofrem deste distúrbio.
Febre tifoide, malária, pancreatite…
Outra teoria é que Alexandre morreu de febre tifoide, uma doença causada pela bactéria Salmonella enterica Typhi.
Como explica à Live Science, Ernesto Damiani, professor de fisiopatologia na Universidade de Pádua, em Itália, a doença descrita por Plutarco e Arriano é, de facto, muito semelhante à febre tifoide.
Existem muitas outras teorias sobre a causa da morte de Alexandre, incluindo a malária, a pancreatite, o vírus do Nilo Ocidental e a encefalopatia traumática crónica.
Foi envenenado?
Outra teoria é que Alexandre foi envenenado.
Adrienne Mayor, uma investigadora da Universidade de Stanford, nos EUA, que escreveu extensivamente sobre Alexandre, é ávida defensora de que o envenenamento é a causa mais provável da morte.
“O envenenamento foi imediatamente suspeitado pelos companheiros mais próximos [de Alexandre], de acordo com todos os historiadores antigos que descreveram a sua morte”, disse, à Live Science.
Além disso, os registos históricos não mencionam que mais alguém na Babilónia tenha ficado doente na mesma altura. O que deveria acontecer, se Alexandre tivesse uma doença infecciosa.
A investigadora refere que os sintomas que Alexandre experimentou correspondem a envenenamento por estricnina, incluindo febre alta, que é mencionada por Plutarco e Arrian.
A estricnina é uma planta que cresce nas terras altas da Índia e do Paquistão, pelo que este veneno pode ter chegado à Babilónia através de rotas comerciais.
Outro sintoma que coincide é o das contrações paroxísticas dos músculos, causando grande dor. Diodorus Siculus refere na sua obra que Alexandre sofreu grandes dores depois de beber de um copo de vinho.
Bebedeira, envenenamento, ou algum vírus… a misteriosa morte de Alexandre, o Grande, parece não passar disso mesmo. Até porque, primeiro, seria preciso encontrar o seu túmulo.