Doenças crónicas envelhecem o cérebro: IA (e portugueses) mostram como

Danie Franco / Unsplash

Equipa da UC mostra o impacto que certas doenças crónicas associadas ao declínio cognitivo podem ter no envelhecimento do cérebro.

Como é que algumas doenças crónicas podem influenciar o envelhecimento do cérebro?

Essa foi a pergunta que motivou uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra (UC), que realizou um estudo que demonstrou o impacto de certas doenças crónicas associadas ao declínio cognitivo – como a doença de Alzheimer, a diabetes tipo 2 e a esquizofrenia.

Os investigadores utilizaram técnicas de inteligência artificial e várias bases de dados a nível local e mundial.

Assim, foi possível diferenciar a idade biológica da idade cronológica – esta é uma nova forma de medir o impacto destas doenças crónicas que, de forma direta ou indireta, afetam o cérebro.

Nos casos de doença de Alzheimer, o envelhecimento pode chegar a mais de 9 anos do que a idade real do doente, lê-se em comunicado enviado ao ZAP.

Esta investigação tem como base um conceito novo: brain age gap estimation. Ou seja, a diferença entre a idade cronológica de uma pessoa e a idade cerebral estimada (determinada através de modelos de inteligência artificial que analisaram imagens de ressonância magnética do cérebro); tudo para mostrar o impacto de determinadas doenças no envelhecimento do cérebro.

“A idade cerebral estimada é a ‘idade biológica’ do cérebro, prevista por modelos que analisam imagens cerebrais. A sua comparação com a ‘idade cronológica’ (a idade real de uma pessoa, medida em anos) permite indicar se o cérebro envelheceu mais ou menos rapidamente do que o esperado. Um valor positivo de brain age gap significa um envelhecimento cerebral acelerado, enquanto um valor negativo é indicador de um cérebro mais jovem do ponto de vista biológico, com envelhecimento retardado”, explica Miguel Castelo-Branco, autor sénior do artigo.

Com vários modelos de inteligência artificial, foram obtidos mapas que permitiram interpretar que regiões do cérebro mais contribuíam para o cálculo da idade biológica.

E foram estabelecidas métricas que permitiram concluir o impacto médio de cada uma das doenças estudadas (as três estão associadas ou são factor de risco para o declínio cognitivo) no envelhecimento do cérebro.

“No caso da esquizofrenia o envelhecimento cerebral é de cerca de 2 anos, na diabetes tipo 2 é de 5 anos, e na doença de Alzheimer atinge os 9 anos”, descreve Miguel Castelo-Branco.

Os autores do estudo acreditam que este estudo pode abrir caminhos no diagnóstico do declínio cognitivo associado a estas enfermidades. Porque, na prática, vai ser possível “usar esta medida como um biomarcador útil no diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas”, conclui Miguel Castelo-Branco.

ZAP //

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