ZAP // UNIL ; Canuckguy / WIkipedia

Exemplares de formigas T. magnum — espécie endógena (a amarelo) / invasora (a vermelho)
Enormes colónias de formigas Tapinoma magnum, que chegam a atingir 20 milhões de indivíduos, têm estado a provocar cortes de energia e falhas na internet em várias regiões da Europa. O fenómeno, que já causou prejuízos de milhares de euros, parece estar a alastrar-se pelo Velho Continente.
Uma espécie de “super-formiga” consegue escavar túneis sob estradas, levando por vezes a danos significativos nas vias, e roer cabos elétricos, causando cortes de energia, falhas de internet e milhares de euros em prejuízos.
A espécie de formiga em causa, chamada Tapinoma magnum, é nativa da região mediterrânica – Espanha, Itália e países do norte de Àfrica — mas moveu-se rapidamente para norte, tendo já chegado a França, Suíça, Alemanha, Bélgica e Países Baixos.
Há ainda casos registados de T. magnum mais a leste do continente, na Eslovénia, Hungria, Grécia e Azerbaijão.
Segundo o jornal britânico The Sun, quando se esmaga uma T. magnum o inseto liberta um cheiro de manteiga rançosa.
A espécie não causa picadas dolorosas, mas é um incómodo para a população local e pode acabar com as populações de formigas indígenas, diz Niall Gallagher, gestor técnico da Associação Britânica de Controlo de Pragas (BPCA), ao MailOnline.
“Estas formigas formam vastas super-colónias, deslocam espécies nativas e podem causar problemas estruturais ao escavar sob pavimentos”, nota Gallagher. “A espécie espalhou-se para norte principalmente por importações hortícolas – especialmente plantas em vasos e árvores provenientes do Mediterrâneo“.
Estas formigas têm uma “notável tolerância ao frio“, conseguindo por exemplo sobreviver aos rigorosos invernos alemães, e podem prosperar em ambientes urbanos – como pátios, calçadas e centros de jardinagem.
Um dos aspetos mais preocupantes é o tamanho das super-colónias formadas pelas T. magnum — que chegam a atingir 20 milhões de formigas e ocupar áreas de 24 hectares, devido à sua “incansável determinação de se expandir”, diz o The Sun.
Quando duas colónias se encontram, fundem-se “em aliança” em vez de se atacarem – formando gradualmente uma colónia massiva com múltiplas rainhas. Constroem os ninhos no solo e, como resultado, deslocam a terra sob o asfalto – causando o afundamento de estradas e calçadas.
Na cidade alemã de Kehl, as supercolónias levaram a interrupções nas ligações elétricas e de internet, depois de os insetos terem roído cabos elétricos. Um parque infantil na cidade teve de encerrar no verão passado porque uma colónia de T. magnum tinha escavado completamente sob toda a área, relata a SRF.
A Suíça, onde a espécie foi descoberta pela primeira vez em 2018, registou recentemente uma infestação destes insetos em Zurique. Na região de Oetwil an der Limmat, uma supercolónia infestou um campo de batatas do tamanho de sete campos de futebol. “Havia tantas formigas que já não se conseguia ver o chão”, contou à SRF uma habitante local.
As T. magnum são de cor preta, medem em média 3 mm, e parecem-se muito com a formiga preta de jardim (Lasius niger). Embora até os especialistas possam ter dificuldade em distinguir as duas espécies apenas pela aparência, a T. magnum pode ser identificada por um comportamento distinto de “procissão”.
As colónias destas formigas invasoras formam trilhos visíveis através de calçadas e a subir edifícios, frequentemente em linhas grandes e coordenadas. Para um olho não treinado, pode parecer uma colónia ativa de formigas pretas de jardim, mas o grande volume e movimento organizado podem ser sinais reveladores da T. magnum.
Não há até agora casos registados de pragas de T. magnum em Portugal, que tem quatro espécies endógenas de formigas: T. erraticum, T. ibericum, T.madeirense e
T. simrothi.