Cogumelos mágicos vão ajudar as pessoas com transtorno dismórfico corporal

Um composto psicoativo encontrado nos cogumelos pode ajudar a reconectar os circuitos distorcidos da imagem corporal do cérebro.

As pessoas que sofrem de transtorno dismórfico corporal (TDC) possuem uma preocupação excessiva com um ou mais defeitos na sua aparência física. O reflexo que se vê no espelho é uma fonte de angústia e cada falha percecionada é aumentada para proporções exageradas.

Num novo estudo, publicado esta terça-feira no Psychedelics, os investigadores administraram uma dose de 25 miligramas de psilocibina a oito adultos com TDC moderado a grave que não tinham respondido aos tratamentos padrão.

Os participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética em estado de repouso um dia antes e um dia depois de tomarem psilocibina. Esta técnica de imagiologia permite observar como diferentes áreas do cérebro comunicam entre si enquanto o cérebro está em repouso.

Segundo o Study Finds, 24 horas depois de tomarem o composto, os participantes mostraram alterações na conetividade cerebral. Verificou-se um aumento da comunicação dentro da Rede de Controlo Executivo (ECN), um sistema cerebral crucial para a flexibilidade cognitiva e o comportamento orientado para objetivos.

Além disso, a ECN apresentou conexões com duas outras redes vitais — a rede de modo padrão, associada à autorreflexão, e a rede de saliência, que ajuda a priorizar as informações recebidas.

Os participantes com os maiores aumentos na conectividade entre estas redes apresentaram maior probabilidade de registar uma redução dos sintomas de TDC uma semana após o tratamento.

Durante as 12 semanas de acompanhamento, os sintomas de TDC permaneceram significativamente reduzidos durante todo esse período.

No entanto, o estudo teve um tamanho de amostra pequeno. Não houve um grupo de controlo para comparação, o que limita a capacidade de excluir efeitos placebo ou flutuação natural dos sintomas.

Além disso, todos os participantes sabiam que estavam a receber psilocibina, o que pode ter influenciado as suas respostas.

Embora sejam necessários mais investigações, este estudo representa uma potencial mudança de paradigma na forma como se aborda o tratamento do TDC e de outras perturbações caracterizadas por uma auto-perceção distorcida.

Soraia Ferreira, ZAP //

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