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Veneno das cobras tem evoluído para se tornar uma forma de auto-defesa (e pode até cegar)

De acordo com novas pesquisas, o veneno das cobras cuspideiras tem evoluído, ao longo dos séculos, para causar dor extrema aos predadores. Esta é uma forma de auto-defesa que se tem desenvolvido, deixando para trás a captura de presas.

Uma equipa internacional, incluindo cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, fez a descoberta ao estudar a composição do veneno da cobra cuspideira de três grupos – cobras cuspideiras asiáticas, africanas e rinkhals, avança o Futurity.

Segundo os cientistas que realizaram o estudo publicado na revista Science a 22 de janeiro, “as presas destas cobras são escolhidas, de modo a que seja possível espalhar veneno até 2,5 metros“.

“O veneno é direcionado diretamente ao rosto, especificamente aos olhos, causando assim uma dor intensa e que pode levar à perda de visão”, diz Robinson.

Por sua vez, Irina Vetter refere que as cobras desenvolveram a capacidade de cuspir o seu veneno naqueles que considera serem os seus inimigos.

Irina Vetter e Sam Robinson, do Instituto de Biociência Molecular da University of Queensland, fazem parte da equipa que demonstrou que o mecanismo de defesa se desenvolveu como um traço genético dominante.

“Testamos como os componentes do veneno afetavam os nervos sensíveis à dor e percebemos que o veneno de cobra é muito eficaz a causar dor“, sublinha Vetter.

Os três diferentes grupos de cobras cuspideiras aumentaram a produção de uma toxina enzimática – a fosfolipase-A2 – que trabalha em cooperação com outras toxinas do veneno para maximizar a dor.

O principal autor do estudo, Nick Casewell, professor da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, em Inglaterra, afirma que cuspir veneno é o método ideal para que as cobras consigam impedir potenciais ataques de humanos.

“É intrigante pensar que os nossos ancestrais podem ter influenciado a origem dessa arma química defensiva nas cobras”, explica.

Agora, Vetter e Robinson estão a investigar o efeito da dor, utilizando os mecanismos moleculares desta para desenvolver medicamentos analgésicos novos e mais eficazes.

“Toxinas causadoras de dor provenientes de venenos animais podem ser ferramentas úteis para nos ajudar a entender a sinalização da dor em nível molecular e estão a ajudar-nos a identificar novos alvos para futuros analgésicos”, concluiu Robinson.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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