“Cobradores de fraque” estão a cobrar despesas que ficaram por pagar pelos utentes, desde taxas moderadoras a custos de consultas, ao serviço de hospitais públicos e privados.
Há hospitais em Portugal, incluindo públicos, que estão a recorrer a empresas de recuperação de dívidas para cobrar despesas que ficaram por pagar, também conhecidas como “cobradores de fraque”, revela a rádio Renascença esta sexta-feira.
De acordo com algumas das reclamações de utentes, afixadas em sites como o Portal da Queixa, a rádio conseguiu falar com uma das empresas contratadas para este serviço: a sueca Intrum Portugal.
“Também trabalhamos com hospitais. Taxas moderadoras, outro tipo de consultas, hospitais privados, também públicos, mas mais privados”, confirmou o diretor-Geral da empresa, Luís Salvaterra.
Contactados pela Renascença, os serviços do Ministério da Saúde explicam que os hospitais têm autonomia de gestão e, por isso, não têm de dar explicações à tutela. Mas, segundo o reforço da autonomia dos hospitais, os planos de gestão têm de ser apresentados e aprovados pelo ministério.
Desde 2012, desde que a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) tem dados disponíveis, que se sabe que ficam anualmente milhões de euros por cobrar. Segundo a Renascença, nos últimos sete anos, as taxas moderadoras em dívida, no Serviço nacional de Saúde, ultrapassaram os 86 milhões de euros.
A rádio escreve que a cobrança das taxas moderadoras é uma corrida contra o tempo, uma vez que passados três anos o utente já não é obrigado a pagar.