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“Clima desértico do Norte de África está a saltar para Portugal”. Especialista avisa para futuro “mais inóspito e violento”

“Os jovens de hoje vão ter um mundo mais complicado, com um clima mais inóspito e mais violento”. O alerta é do presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, Filipe Duarte Santos, que nota também que o “clima desértico” do Norte de África “está a saltar para o Sul da Europa”, nomeadamente para Portugal.

Em entrevista à Rádio Renascença, o especialista em alterações climáticas refere que “há uma coisa na circulação geral da atmosfera chamada a Célula de Hadley, cujo ramo descendente gera os desertos, gera o Saara, e esse ramo descendente está a avançar para Norte”. “O que acontece é que esse clima do Norte de África está a saltar para o Sul da Europa”, explica Filipe Duarte Santos.

E “uma das coisas mais preocupantes para Portugal” é “o avanço de um clima desértico que existe no Norte de África”, acrescenta o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS).

“Se falarem com as pessoas do Algarve neste momento, sobretudo com a região Leste, a situação não é famosa em termos de escassez de água“, acrescenta, como sinal desse avanço do “clima desértico”, concluindo que “os jovens de hoje vão ter um mundo mais complicado, com um clima mais inóspito e mais violento“.

Numa altura em que se realiza a Conferência da ONU sobre o Clima, em Madrid, Filipe Duarte Santos vinca a importância de conseguirmos reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, notando que “quanto mais atrasarmos essa diminuição das emissões globais, maior será o aumento da temperatura”.

“A situação não tem estado a melhorar, porque as emissões de gases com efeito de estufa têm aumentado, em vez de diminuir, a uma média de 1,5% por ano nos últimos 10 anos”, refere.

“As pessoas podem pensar que um grau de aumento da temperatura média da atmosfera à superfície é pouco, mas tem consequências muito grandes, porque a energia necessária para conseguir esse aumento é gigantesca e isso tem consequências, sobretudo, na frequência e intensidade dos fenómenos extremos”, alerta.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já avisou também que “estamos num buraco profundo e continuamos a cavar“.

Filipe Duarte Santos nota que “há metodologias” que podem reverter a actual tendência e ajudar a salvar o planeta, mas que “exigem um investimento muito considerável“. Esse esforço “não é só dos políticos e dos governantes”, já que todos devemos fazer “um pequeno sacrifício” para fazer “esta transição energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis”, constata o especialista.

ZAP //

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