Um novo tratamento experimental conseguiu reverter completamente a doença de Alzheimer em cobaias, apenas com a redução dos níveis de uma enzima no cérebro dos animais.
Os resultados foram publicados esta quarta-feira no Journal of Experimental Medicine e reforçam a teoria de que as placas amilóides estão na raiz da misteriosa doença cerebral. O grupo de cientistas que fez o estudo sinaliza que tratar estas placas poderia levar a uma eventual cura para a doença.
O estudo descobriu que a redução lenta dos níveis da enzima BACE1 em cobaias, à medida em que envelheciam, impediu ou reverteu a formação de placas amilóides no cérebro. As placas amilóides, formadas quando pedaços de proteína se acumulam no cérebro, são encontradas em quantidades elevadas em pacientes com Alzheimer.
A BACE1 é uma proteína que se forma naturalmente no cérebro e ajuda a produzir péptido beta-amilóide, uma proteína também envolvida na formação de placa cerebral.
Segundo defendem os cientistas da Cleveland Clinic, reduzir a BACE1 no cérebro teria um efeito de destilação, reduzindo a formação da placa. Na experiência, os cientistas examinaram os ratos criados para desenvolver a doença de Alzheimer.
Gradualmente , os ratos produziram menos enzimas BACE1 à medida que envelheciam, a última através da remoção de um gene crucial. Esses ratos deveriam ter desenvolvido a doença de Alzheimer, mas sem a BACE1, isso não aconteceu. Os ratos acabaram por se desenvolver normalmente e permaneceram saudáveis até chegarem a uma idade avançada.
Os investigadores observaram que reduzir os níveis de BACE1 não só impediu a doença de Alzheimer em cobaias, mas também reverteu a doença em animais que começavam a mostrar os primeiros sinais.
O Dr. Daniel Franc, neurologista em Santa Monica, na Califórnia, disse que, independentemente de essa descoberta exata ter sucesso para os seres humanos, os resultados continuam a ser importantes. “Eu diria que esta é uma descoberta incremental. Não é revolucionária, mas agrega mais apoio às atuais abordagens contínuas”, disse Franc.
A pesquisa dá esperança de que a ciência esteja no caminho certo para encontrar um tratamento viável. “Acho que este foi o momento ideal para pensar que teremos intervenções para a doença de Alzheimer”.
O Dr. Richard Isaacson sustenta que os resultados são promissores e acrescentaram mais provas de que o inibidor de BACE1 poderia ser um tratamento efetivo contra o Alzheimer. Mas advertiu que ainda é muito cedo para celebrar.
Os ratos são muito diferentes dos seres humanos para que possamos ter em conta estes resultados. “O outro lado da moeda é que 99% de todos os ensaios de medicamentos clínicos para a doença de Alzheimer falharam e não sabemos porquê“, disse Isaacson, que não estava envolvido no novo estudo. “Talvez o amilóide não seja o alvo certo”.
Mesmo que os amilóides sejam o alvo certo, Isaacson explicou que ainda teríamos que esperar um mínimo de cinco a sete anos antes de saber se a mesma abordagem é útil nos seres humanos.
ZAP // Science Alert / Só Notícia Boa