Uma equipa de cientistas conseguiu recriar, pela primeira vez, aquele que seria o habitat dos nossos “parentes” mais primitivos, há 1.8 milhões de anos.
Esta reconstrução foi feita a partir de dados recolhidos de um local em Olduvai Gorge, Tanzânia, onde se encontraram ferramentas de pedra e ossos de duas espécies de hominídeos – o Paranthropus boisei, de cérebro pequeno e corpo robusto, e o Homo habilis, que já tinha um cérebro maior e uma aparência mais próxima dos humanos modernos.
Estas duas espécies tinham uma esperança média de vida entre 30 a 40 anos e alimentavam-se de lesmas, caracóis e fetos, mas também de carne de animais selvagens que tinham que disputar com leões, leopardos e hienas.
“Era duro viver. Era uma vida muito stressante porque estavam em competição contínua pela sua comida com carnívoros”, nota uma das investigadores envolvidas no estudo, a professora Gail M. Ashley do Departamento da Terra e de Ciências Planetárias da Escola de Artes e Ciências da Universidade de Rutgers, nos EUA.
A investigação, que contou também com a colaboração de elementos do Instituto Geológico de Zurique, na Suíça, da Universidade Complutense em Madrid, Espanha, e da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, desenrolou-se desde 1994.
Durante mais de uma década, foram recolhidas amostras do solo e encontrados inúmeros ossos de girafas, elefantes e outros animais selvagens que podem ter sido mortos pelos hominídeos para os comerem ou parte da sua carne ter sido aproveitada por estes, depois de mortos por outros animais.
“O facto de comerem carne é uma questão importante na definição da pesquisa actual sobre os hominídeos. Sabemos que o aumento do tamanho do cérebro, a mera evolução dos humanos, está provavelmente ligada a mais proteínas“, salienta Gail M. Ashley, citada no site da Universidade de Rutgers.
A reconstrução do modelo do habitat vai permitir aos paleo-antropologistas perceberem melhor com era a vida humana naquela época.
O resultado da investigação pioneira foi publicado recentemente na revista Proceedings da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
ZAP