“É quase mágico”. Cientistas põem e tiram átomos individuais do núcleo de uma molécula

Em algo que os cientistas mais conceituados veem como “quase mágico”, cientistas conseguem agora pôr e tirar átomos individuais do núcleo de uma molécula.

“É quase mágico o facto de estas alterações serem agora possíveis”, disse Richmond Sarpong, da Universidade da Califórnia, um dos principais especialistas em edição do esqueleto. É assim que ele descreve o recente avanço científico na área.

Químicos da Universidade de Chicago fizeram uma descoberta inovadora que poderá revolucionar o campo da manipulação molecular. Mark Levin e a sua equipa desenvolveram uma técnica chamada edição esquelética, que permite o movimento preciso de átomos individuais dentro do núcleo de uma molécula.

Este desenvolvimento tem o potencial de acelerar a descoberta de medicamentos e de várias outras inovações químicas, sublinha o site Interesting Engineering.

Tradicionalmente, os químicos tinham de desmontar moléculas inteiras para alterar um único átomo no esqueleto molecular, o que resultava num processo trabalhoso e demorado. No entanto, a edição esquelética surge como solução. Ao utilizar reações químicas fiáveis, a técnica ignora os átomos periféricos e concentra-se na substituição ou remoção de átomos no anel central da molécula.

As moléculas biologicamente ativas em química consistem frequentemente em pares de carbono-hidrogénio dispostos em anéis de cinco ou seis. Através da edição do esqueleto, estes átomos de carbono podem ser substituídos por oxigénio ou azoto, resultando em novos esqueletos de base para o desenvolvimento de novos compostos.

A técnica envolve a separação dos grupos moleculares periféricos para expor os átomos desejados do esqueleto, seguida da inserção ou remoção de átomos individuais dentro do núcleo. Os grupos moleculares são então recolocados no esqueleto para teste e análise.

Isto permite otimizar o processo de descoberta de medicamentos, já que atualmente os químicos enfrentam vários desafios quando tentam manipular moléculas.

Apesar do seu potencial promissor, a edição esquelética não é alheia a complicações. As técnicas de eliminação e inserção de átomos podem correr mal, mas a vantagem reside na facilidade de recuperação e na capacidade de recomeçar, se necessário. O derradeiro objetivo dos químicos é uma técnica de troca de átomos num só passo.

Com a capacidade de manipular átomos individuais dentro de esqueletos moleculares, os cientistas podem explorar uma vasta gama de compostos e as suas potenciais aplicações.

As descobertas foram descritas recentemente num artigo publicado pela revista Nature.

ZAP //

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