Um grupo de investigadores da China conseguiu introduzir uma resistência ao Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) dentro de embriões humanos.
Este grande avanço nas pesquisas para produzir soluções de resistência humana ao VIH foi conseguido utilizando a ferramenta genética CRISPR.
Em abril de 2015, uma outra equipa de investigadores chineses tinham chocado o mundo e a comunidade científica ao conseguirem modificar o ADN de embriões humanos, relata a Nature.
Desta vez, os investigadores da Universidade de Medicina de Guangzhou, liderados pelo cientista Yong Fan, recolheram 213 óvulos humanos já fecundados para o estudo, todos eles considerados inadequados para a fertilização porque continham algum conjunto extra de cromossomas.
Dos 26 embriões escolhidos, apenas quatro foram modificados com êxito, o que mostra que ainda há muitas dificuldades técnicas e um grande trabalho a ser feito antes dos investigadores serem capazes de alterar com precisão as células embrionárias de humanos.
Assim, ainda há muitos ajustes a serem realizados para que os seres humanos consigam ser resistentes ao VIH. No entanto, os resultados obtidos – publicados no Journal of Assisted Reproduction and Genetics – já mostram uma grande evolução e um futuro promissor.
Normalmente, práticas do tipo são delicados mesmo para a comunidade científica, e a alteração de embriões sempre resulta em alguma controvérsia.
Os críticos do novo estudo afirmam que os cientistas não devem brincar com os embriões humanos, argumentando que os de outros primatas são suficientes para a experiência.
Existe também a preocupação de que tais modificações possam ser passadas para próximas gerações, o que poderia resultar em consequências imprevisíveis.
Os autores da investigação defendem o projeto e dizem que não estão a tentar tratar de uma doença genética, mas sim adicionar uma imunidade a um vírus, o que seria comparável a uma vacina com efeito a nível genético.
Caso a tecnologia seja ajustada para o estado clínico, poderia ser utilizada para eliminar todos os tipos de doenças genéticas.
“Acreditamos que é necessário continuar a desenvolver e melhorar as tecnologias de modificação genética em humanos”, disse a equipa chinesa.
Ainda há muito trabalho a ser feito até que os cientistas consigam ser capazes de utilizarem a CRISPR de uma forma que não provoque mutações não-intencionais, e por isso é possível que a alteração de embriões contra o VIH só possa estar disponível para a população daqui a muitos anos.