A incógnita borbulhava há séculos na cabeça dos biólogos – porque é que os ovos de diferentes espécies de aves têm diferentes formas. O mistério foi agora desvendado e a a resposta está na forma das suas asas.
A investigação, publicada esta semana na revista Science, desvenda um velho mistério da biologia e explica o que é que, afinal, determina a forma dos ovos das aves.
Recorrendo a conceitos da biologia, da matemática, da física e da ciência computorizada, uma equipa internacional de cientistas das Universidades de Harvard e de Princeton, apurou que quanto mais forte for a ave na capacidade de voo, mais longos ou pontiagudos serão os seus ovos.
Os investigadores começaram por criar um programa de computador baptizado Eggxtractor para catalogar a variação natural da forma dos ovos de 1400 espécies.
Conseguiram assim, abranger quase 50 mil ovos das principais ordens de aves, tendo por referência um arquivo digital de imagens do Museu de Zoologia de Vertebrados de Berkeley, na Califórnia, EUA.
Depois criaram um modelo matemático para explicar essa variação, procurando ligações entre a forma dos ovos e as características das aves.
Concluíram assim que a forma do ovo está relacionada com a habilidade para voar, verificando-se “uma forte correlação a ligar as aves que têm ovos que são elípticos e assimétricos com uma forte capacidade de voo”, como explica L. Mahadevan, investigador da Universidade de Harvard.
A pesquisa conclui que há uma ligação directa entre a forma do ovo e a medida da forma da asa – o chamado índice mão-asa que determina a capacidade de voo.
As grandes voadoras terão desenvolvido formas de corpo aerodinâmicas que influenciam a configuração dos seus órgãos e, logo, do sistema reprodutivo e da forma dos seus ovos.
“Para manterem corpos elegantes e simplificados para o voo, as aves parecem pôr ovos que são mais assimétricos ou elípticos“, refere Mary Caswell Stoddard, investigadora da Universidade de Princeton.
“Com estas formas de ovo, as aves podem maximizar o volume do ovo sem aumentar a sua largura – o que é uma vantagem em ovidutos [o tubo por onde o ovo passa depois de deixar o ovário] estreitos”, acrescenta Stoddard.
Assim, o que explica que pássaros como o albatroz e o beija-flor, que são muito diferentes, tenham ovos elípticos com formas parecidas é o facto de serem ambos excelentes voadores. Já as corujas, que têm fraco potencial de voo, têm ovos quase esféricos, tal como as galinhas.
O estudo “deixa claro que a variação no tamanho e na forma dos ovos das aves não é simplesmente, uma casualidade, mas está relacionada com diferenças na ecologia, incluindo na quantidade de cálcio na dieta e, particularmente, na medida em que cada espécie está projectada para um voo poderoso”, conclui outro dos autores da pesquisa, Joseph Tobias, investigador do Colégio Imperial do Reino Unido.
Esta diversidade de formatos também se manifesta nos répteis e batráquios?
E eu a pensar que tinham desvendado quem nasceu primeiro.. o ovo ou a galinha…
Essa pergunta só parece difícil porque está (propositadamente?) mal feita. Da maneira que está feita não é uma pergunta, mas duas, cada uma com resposta diferente.
Assim: se a pergunta for “Quem nasceu primeiro, a galinha ou o ovo (qualquer que seja o ovo)?”, a resposta é obviamente “o ovo”, pois há inúmeras espécies que põem ovos e que são mais antigas que a galinha, como por exemplo insectos.
Mas se a pergunta for “Quem nasceu primeiro, a galinha ou o ovo de galinha?”, sendo este “ovo de galinha” um ovo posto por uma galinha, então obviamente a resposta é “a galinha”. É fácil entender a origem dessa galinha: trata-se dum animal cujos pais não eram galinhas, mas da espécie precedente a essa, e que puseram um ovo pertencente à sua espécie, e que sofreu a mutação genética que deu origem à uma galinha.