Cientistas descobrem novo “sistema de mensagens” nas células que torna a gordura no sangue ainda mais perigosa

Cientistas descobriram que as células conseguem enviar sinais entre si, provocando um maior nível de stress nestes organismos e eventualmente agonizar as sintomatologias de algumas doenças.

As consequências negativas da presença de gordura no sangue, muitas vezes provocada pela obesidade, está há muito documentada. No entanto, os cientistas não deixam de avançar com novos estudos que aprofundem o impacto deste diagnóstico na generalidade da saúde humana. Segundo o Science Alert, a gordura causa stress adicional às células musculares, danifica a sua estrutura e o seu funcionamento. A novidade que o novo estudo vem introduzir é a capacidade destas células em transmitir sinais a outras células e causar mais danos.

Estes sinais podem assumir a forma de moléculas chamadas ‘ceramidas‘. Regra geral, o seu trabalho é reduzir o stress nas células, mas em doenças metabólicas a longo prazo, como a diabetes tipo 2, elas podem mesmo matar as células e fazer com que os sintomas associados a essa doença se tornem mais severos.

“Apesar de a pesquisa ainda estar numa fase inicial, a nossa descoberta pode ser a base para novas terapias ou abordagens terapêuticas tendo em vista a prevenção de doenças cardiovasculares ou metabólicas — como a diabetes — em pessoas com elevados níveis de gordura no sangue”, descreve Lea Roberts, fisiologista molecular da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

Os investigadores partiram de células musculares do esqueleto humano concebidas para imitar as células de pessoas com doenças metabólicas, o que lhes permitiu ativar a sinalização das ceramidas com a adição de um ácido conhecido como palmitato.

Quando estas células foram misturadas com células que ainda não haviam sido expostas a gordura, elas comunicavam entre si, transferindo ceramides em grupos chamados ‘vesículas extracelulares‘, os quais são naturalmente lançados a partir de todas as células. O mesmo processo foi observado em testes efetuados em ratos e em células musculares retiradas de voluntários.

Apesar de ainda ser necessária mais pesquisa para se perceber o que pode significar esta nova vaga de ceramida, os cientistas já dão garantias que as moléculas podem ser prejudicais para o corpo: uma quantidade de gordura mais elevada parece fazer as células partilharem mais stress com as suas “vizinhas”.

Os investigadores reconhecem que podem existir mais fatores desconhecidos em jogo, mas suspeitam que o presente sistema de mensagens pode mesmo ser potenciador para que as pessoas com obesidade continuem a desenvolver mais ou outras complicações como a diabetes, precisamente a partir da partilha de stress celular. A vantagem em ter desvendado o sistema prende-se com a capacidade de evitar o desenvolvimento de complicações, através do bloqueamento de algumas das ceramidas. No entanto, esta possibilidade parece estar ainda muito longe.

“Com a epidemia da obesidade cada vez maior, o fardo das doenças crónicas associadas exige novos tratamentos”, descreve Lea Roberts. “Esperamos que os resultados da nossa abram aqui um novo caminho para a investigação, a fim de ajudar a responder a esta preocupação crescente”.

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