Centenária fábrica de sabonetes Ach Brito vendida por 1 euro

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Ach. Brito / Facebook

Centenária empresa de sabonetes e perfumes portuguesa Ach Brito.

Centenária empresa de sabonetes e perfumes portuguesa Ach Brito.

A centenária empresa de sabonetes e perfumes portuguesa Ach Brito está nas mãos de um Fundo do Banco chinês Haitong a troco de um valor simbólico de um euro. A operação passou pela conversão de empréstimos não pagos em capital social.

Um Fundo do Haitong Bank detém, agora, 100% do capital social da Ach Brito, conforme avança o Jornal de Negócios. A empresa de sabonetes e perfumes portuguesa foi fundada em 1918.

A empresa lusa viveu tempos difíceis por causa da pandemia de covid-19 que afectou decisivamente os lucros, uma vez que era “muito dependente dos mercados externos” e do turismo “que gera 80% das vendas” em Portugal, como nota o Negócios.

Na época mais complicada, durante os meses de confinamentos e de impossibilidade de viajar, teve de recorrer à ajuda do Banco chinês.

Contudo, não conseguiu liquidar os empréstimos de 1,5 milhões de euros e as acções que pertenciam à empresa de capital de risco Menlo e a Aquiles de Brito passaram na totalidade para o Banco chinês.

“Atingida a maturidade dos suprimentos (empréstimos à empresa) convertíveis concedidos por um fundo do Haitong Bank”, estes foram “convertidos em capital”, destaca o Negócios.

A empresa fechou 2019 com uma facturação de 5,8 milhões de euros, mas em 2020, as receitas caíram para os 3,8 milhões. Já em 2021, houve uma recuperação para 4,5 milhões de euros.

Porém, a empresa assinalou prejuízos de quase dois milhões de euros nos dois últimos exercícios.

O passivo total da empresa, retirando os 1,5 milhões que eram devidos ao Haitong Bank, deverá ser, agora, de cerca de dois milhões de euros, segundo o Negócios.

A Ach Brito nasceu em 1918 pelas mãos do empresário português Achilles de Brito e do irmão Affonso. Após a morte de Achilles, em 1949, os seus quatro filhos herdaram a empresa, mantendo-se esta nas mãos da família nos anos seguintes.

Mas em 2015, a família cedeu o controlo da Ach Brito à empresa de capital de risco Menlo com foco na expansão internacional. Ainda assim, a família Brito manteve 20% das acções, ficando 65% na posse da Menlo.

Agora, o Haitong Bank assegura 100% dos activos da Ach Brito pagando apenas um simbólico um euro — se não considerarmos, claro, as dívidas e passivo que terá assumido.

Esclarecimento do Haitong Bank

Na sequência desta notícia, o ZAP recebeu o seguinte esclarecimento do Haitong Bank, S.A:

  • Nem o Haitong Bank, nem qualquer entidade do Grupo em que está inserido, adquiram qualquer participação na sociedade em causa.
  • O Grupo Haitong não é investidor neste Fundo, nem tem qualquer interesse económico no mesmo.
  • A transação em questão foi efetuada pelo Fundo de Capital de Risco “FCR PME Novo Banco”.
  • A ligação do Grupo Haitong a este fundo restringe-se apenas ao facto de o mesmo ter por Sociedade Gestora a “Haitong Global Asset Management, SGOIC, S.A.”.

O Banco acrescenta que está prevista a liquidação do Fundo “FCR PME Novo Banco” durante o próximo mês de dezembro de 2022, momento em que o processo em causa passará a ser conduzido em exclusivo pelos detentores das participações do dito Fundo .

ZAP //

17 Comments

  1. “sem ter que pagar nada por isso” Sr jornalista, tem ideia do que acabou de escrever?
    A dívida da empresa foi convertida em capital social, por isso a dívida foi o “preço” que esse banco pagou pela empresa. Ou acha que o passivo não é dinheiro?
    Enfim…

  2. Até parece que foi a pandemia?!?!?!? Esta, apenas ajudou ao inevitável, sendo que vindo da China, até é, no mínimo, duvidoso, e o que mais virá por aí, enquanto nos distraem com o Putin

    Já tinha capital de risco, e este tipo de capital, ou paga ou mata , ponto.

    Pena que tenha ido parar em mãos alheias fora de Portugal, mas, de facto, os nossos bancos a fazerem negócios são mesmo ceguetas, focam-se no que não interessa e não têm visão futura, por isso mesmo, irão ser sempre bancos (com tempo contado)

  3. Estranho forma de empresariar. Mais parece que tivesse havido um pagamento algures por aí, pois para perder um milhão em vendas de 4 milhões, o sabonete deve ser fabricado a mão, esfregada e perfumada com o cu da velha. Ninguém nas finanças entende como isso funciona?

    • Se a empresa fosse liquidada, os trabalhadores ficariam melhor? Parece-me que, nessa matéria, o “sentimento patriótico” é absolutamente irrelevante…

  4. Mais uma gestão vergonhosa de empresarios Portugueses. Não aprendem que quando não se sabe como gerir uma empresa centenária contrata-se quem tenha qualificações e isso sim é investir no futuro.

  5. E lá vai mais uma empresa portuguesa centenária para as mãos de cidadãos estrangeiros!
    Possivelmente com a nova política de produzir o mesmo ou mais a baixo custo, para aumentar as vendas ao preço da uva m***na, lá vão os produtos Ach Brito passar a levar mais químicos para dar cabo daquilo que tornava a marca única: produtos que tinham alguma qualidade pela natureza e simplicidade dos seus componentes.
    Merecia mais a Ach Brito ser salva por Portugal, do que o Novo Banco que só tem dado prejuízos e recebeu já milhares de milhões de euros do Estado! Lamentável e triste.

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