China detém o professor Xu Zhangrun, principal crítico do presidente Xi Jinping

4

(dr) Xinhua

O presidente da China, Xi Jinping

A polícia chinesa deteve Xu Zhangrun, professor e ensaísta da Universidade Tsinghua, silenciando assim uma das últimas vozes nos círculos inteletuais da China que criticam abertamente a liderança do Presidente Xi Jinping.

A prisão de Xu Zhangrun, nos arredores de Pequim, ocorreu cinco meses após o professor ter publicado um longo artigo, no qual pedia aos líderes políticos que conduzissem uma investigação aberta sobre o encobrimento do novo surto de coronavírus em Wuhan e revertessem “a espiral de tirania no país”, noticiou o Washington Post.

Segundo referiu o ensaísta no artigo – que previu ser “a última coisa” que escrevia -, o que começou como um surto local foi exacerbado por um sistema político que sufocou e castigou os denunciantes.

Alguns dos seus amigos em Pequim, que falaram em anonimato por medo de represálias, disseram que Xu Zhangrun foi preso na segunda-feira. Uma publicação divulgada nas redes sociais dos seus conhecidos, indicava disse que a sua casa esteve cercada por 20 agentes da polícia, que o detiveram, juntamente com o seu computador.

O Departamento Jurídico da Universidade Tsinghua, onde Xu Zhangrun ensinava direito constitucional até ser afastado, no ano passado, devido aos artigos políticos que publicava, informou na segunda-feira que a sua situação “não estava clara”. O Departamento de Segurança Pública Municipal de Pequim recusou-se a comentar.

Um amigo do professor contou que este estava animado quando se reuniu com amigos, após semanas de isolamento. A sua detenção, contudo, não foi totalmente inesperada, acontecendo num momento em que o Partido Comunista quer reafirmar-se, tanto globalmente como a nível interno.

Depois de resistir a uma onda de indignação pública ao lidar com o surto de Wuhan, o partido estabilizou a sua posição doméstica, detendo bloggers e jornalistas que trabalhavam em Wuhan, e investigando alguns dos seus críticos, nomeadamente o bilionário Ren Zhiqiang, que também escreve artigos sobre o política no país.

 

Depois que Ren Zhiqiang começou a ser investigado, em abril, a detenção de Xu Zhangrun “era uma questão de tempo”, afirmou He Weifang, ex-professor de direito da Universidade de Pequim, que conhece e trabalha ao lado do colega há 40 anos.

Embora os ensaios de Xu Zhangrun tenham sido lidos de perto por estudiosos chineses e estrangeiros, não cultivou ativamente uma grande quantidade de seguidores na media social chinesa nem mobilizou manifestações. Isso levanta questões sobre as acusações contra o professor.

De acordo com Feng Chongyi, professor da Universidade de Tecnologia de Sydney, Xu Zhangrun foi afastado de Tsinghua e advertido repetidamente pelas autoridades da universidade. Embora os amigos sugerissem a busca de doações para o apoiar, o ensaísta recusou, suspeitando que um dia poderia ter problemas legais.

“Ele sempre recusou, para que o governo não tivesse uma abertura para acusá-lo de crime financeiro”, disse Feng. “Se ele cometeu uma ofensa, terá sido puramente baseado no seu discurso”, concluiu.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

4 Comments

  1. Xu Zhangrun. Nunca mais se ouvirá falar dele. Desaparecerá num qualquer gulag. É isto que nos espera se algum dia a China dominar o mundo. É quem pode parar a China? Pois é. Aqueles de que poucos gostam mas os únicos com esse poder, sejam ou não dirigidos por um idiota. O resto (europeus) são uns vendidos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.